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Em evento de lançamento de crédito, Lula defende Haddad, diz que não quer ser Trump e chama Gleisi de 'bonita' 1h511w

As declarações do presidente ocorreram nesta quarta-feira (12), durante lançamento de um programa de crédito consignado; evento ocorreu no Palácio do Planalto 1l2gx

Por Levy Guimarães
Publicado em 12 de março de 2025 | 14:06
 
 
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao lado de Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados, e Davi Alcolumbre, presidente do Senado, durante a cerimônia de lançamento do programa "Crédito do Trabalhador", no Palácio do Planalto. Foto: Ricardo Stuckert / PR

BRASÍLIA - No lançamento de um programa de crédito consignado nesta quarta-feira (12), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fugiu do script durante evento no Palácio do Planalto. Diante de lideranças do Congresso, sindicalistas e representantes da área econômica, o petista defendeu o ministro da Fazenda, Fernando Haddad; e mencionou divergências na Esplanada; e criticou os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da Argentina, Javier Milei. 

Além disso, Lula cometeu deslizes ao dizer que escolheu uma "mulher bonita" para comandar a articulação política do governo e, assim, aproximar o Executivo do Legislativo. A declaração, feita enquanto se dirigia aos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil -AP), foi uma referência a Gleisi Hoffmann, que assumiu o Ministério de Relações Institucionais (SRI) na última segunda-feira (10).

A cerimônia foi marcada por afagos a Haddad, alvo constante de críticas até mesmo dentro de setores da esquerda e do próprio PT. Entre as vozes petistas que já questionaram as medidas econômicas do governo, estão, inclusive, Gleisi. No entanto, Lula disse que o ministro pode se tornar o ‘melhor da história” na pasta.

“Economia não se faz com mágica. A gente não inventa. [...] E vou dizer sem medo de errar: já tive muitos ministros, muitos companheiros na Fazenda. Mas pode ter certeza, se vocês colaborarem, a gente vai terminar o governo com o Haddad ando para a história como o melhor ministro da Fazenda que esse país já teve”, disse.

O presidente ainda fez menção a divergências entre ministros do governo em relação à política econômica - notadamente, Haddad e Rui Costa, ministro da Casa Civil. Lula se colocou como a pessoa para “separar a briga”.

“Aqui não tem tem cavalo de pau, aqui tem política serena, discutida. De vez em quando eu vejo muita gente ‘ah, porque tem briga entre Haddad e Rui Costa’. Não, quando tiver briga entre os dois eu sou o separador dessa briga. Porque tem uma mesa redonda que eles participam”.

Além disso, Lula afirmou que “não quer ser um Trump” ou “um Milei”, que segundo ele, fazem “bravata”. Segundo o presidente, o diálogo dentro do governo se dá com “serenidade”.

Ainda em defesa de Haddad, Lula criticou artigos na imprensa que contestam as medidas econômicas e fiscais do Ministério da Fazenda, sugerindo que há pessoas interferindo no noticiário de forma mal intencionada.

“Fiquei muito chateado com muitas matérias no jornal. Não sei se é plantada, mas acho que tem muito agiota fazendo sacanagem com o Brasil. Não sei se é gente que vive com especulação do dólar, que ganha com a bolsa. Mas tem tanta notícia cretina, tanta notícia falsa, que não tem explicação”, disse.

'Mulher bonita' 55u21

Durante o evento, Lula afirmou ainda que deseja se aproximar dos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre, e da Câmara dos Deputados, Hugo Motta. Segundo ele, para conseguir cumprir com esse objetivo, nomeou uma "mulher bonita" para cuidar da articulação política do governo com o Congresso Nacional. 

"É muito importante trazer aqui o presidente da Câmara e o presidente do Senado, porque uma coisa que quero mudar é estabelecer relações com vocês. Por isso, coloquei essa mulher bonita para ser ministra de Relações Institucionais, porque não quero mais ter distância entre vocês”, disse o presidente durante evento no Palácio do Planalto.

Gleisi Hoffmann tomou posse como ministra da Secretaria de Relações Institucionais (SRI) na segunda-feira (10). A ex-presidente do PT e deputada federal licenciada pelo Paraná substitui Alexandre Padilha na responsabilidade de cuidar da articulação política do Planalto. Padilha assumiu o Ministério da Saúde no lugar de Nísia Trindade, exonerada pelo presidente.

'Cabeçudão do Ceará' 5y5p2s

Na mesma cerimônia, ao destacar as lideranças governistas no Congresso, Lula se referiu ao deputado José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara, como “cabeçudão do Ceará”. O presidente mencionou o parlamentar ao citar a aprovação da reforma tributária, concluída após mais de três décadas de negociações.

“E nós conseguimos fazer, com a participação de todos os deputados e senadores. E nós [PT] só temos nove senadores no Senado de 81, e só temos 70 deputados em 513. E nós fizemos isso muito por conta do trabalho primordial do Guimarães, esse cabeçudão do Ceará, e pelo companheiro Jaques Wagner [lider do governo no Senado], que é um companheiro da mais alta qualidade de negociação”, afirmou.

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As declarações do presidente ocorreram durante evento de lançamento do programa "Crédito do Trabalhador", que prevê ampliar o o ao empréstimo consignado pelos empregados da iniciativa privada. Essa é mais uma das medidas anunciadas pelo governo para tentar melhorar a aprovação de Lula e se aproximar mais do seu “eleitor raiz”, pensando já em 2026.

Atualmente, o crédito consignado — descontado diretamente na folha de pagamento — só está disponível para trabalhadores cujos empregadores tenham convênio com um banco. Esse tipo de empréstimo costuma ter juros mais baixos, já que as parcelas são descontadas automaticamente do salário, reduzindo o risco para as instituições financeiras.

Com a nova medida, os bancos vão utilizar o sistema eSocial — plataforma governamental destinada ao recolhimento de tributos — para obter informações na análise da taxa de crédito.

Pela plataforma, o empregado poderá escolher a instituição financeira de sua preferência e comparar as taxas de juros em uma plataforma.  O Palácio do Planalto estima que a mudança beneficiará 42 milhões de trabalhadores com carteira assinada, incluindo empregados domésticos.