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Voos de deportados dos EUA: o que se sabe até agora e o que o governo Lula fez
Brasileiros relataram maus-tratos no avião; governo brasileiro fala em ‘desrespeitos aos direitos’ dos deportados e cobra explicações dos EUA
BRASÍLIA - A chegada de 88 brasileiros deportados dos Estados Unidos neste sábado (25) foi o principal assunto político do fim de semana. Com destino final no Aeroporto Internacional de Confins, em Belo Horizonte, o voo chamou atenção pelas condições pelas quais aram as pessoas a bordo.
Outro fator político entrou em cena: na estreia de seu governo, Donald Trump cumpriu sua promessa de campanha e adotou uma política de tolerância zero em relação aos imigrantes. Além do Brasil, o presidente norte-americano enviou recados a outros países da América Latina, como a Colômbia.
O voo
Os brasileiros eram mais da metade dos 158 deportados que integravam o voo em uma aeronave da companhia americana GlobalX. O avião decolou da cidade de Alexandria, no Estado americano da Virgínia, e tinha previsão de chegar em Confins às 20h da última sexta-feira (24).
Porém, problemas técnicos na aeronave atrasaram a viagem e alongaram a escala em Manaus (AM), fazendo com que os ageiros só chegassem ao destino final na noite de sábado (25).
Diante da situação na capital amazonense, o governo brasileiro disponibilizou um avião da FAB para o trajeto até Confins. Os deportados foram transportados pela aeronave KC-30, do Segundo Esquadrão do Segundo Grupo de Transporte, utilizada em situações de ajuda humanitária.
As condições do voo
Ao desembarcar no Brasil, os deportados fizeram diversas reclamações sobre as condições da aeronave e o tratamento dado pelos soldados americanos. Segundo relatos dos brasileiros, ao fazer uma escala no Panamá, antes de seguir para Manaus, o avião sofreu uma “pane” e teve problemas para decolar novamente.
Além disso, durante horas o ar condicionado deixou de funcionar, deixando ageiros e tripulantes em situação de extremo calor. Ainda de acordo com os brasileiros, ao chegar em Manaus, uma das turbinas da aeronave sofreu uma pane, o que impediu a decolagem rumo a Confins.
“A gente viu fumaça em uma turbina. Todo mundo ficou com medo, apavorado. E aí a gente ficou horas e horas lá, sem respirar, tudo fechado”, disse um dos ageiros. Eles aram a noite de sexta-feira para sábado no aeroporto de Manaus.
Algemas e agressões
Os deportados brasileiros também relatam que além do uso das algemas, eles sofreram agressões durante o caminho de volta ao país, principalmente na escala no Panamá. Durante os problemas técnicos apresentados pela aeronave, eles afirmam ter sido forçados a ficar dentro do avião, que estava com o ar condicionado desligado.
Eles relataram falta de ar e pessoas ando mal, inclusive mulheres e crianças, além de dificuldade para serem autorizados a ir ao banheiro, se alimentar e beber água. Protestos resultaram em discussão e, nesse momento, teriam ocorrido agressões.
A reação do governo federal
Já em Manaus, a Polícia Federal entrou na aeronave e ordenou que os imigrantes deixassem o avião e que as algemas e correntes fossem retiradas. Assim que deixaram o avião norte-americano, os deportados receberam assistência médica de equipe de saúde brasileira, em solo.
Eles seguiram acompanhados por enfermeiros e médicos no espaço reservado dentro do aeroporto. Em nota, o Ministério da Justiça e Segurança Pública afirmou que houve “flagrante desrespeito aos direitos fundamentais dos cidadãos brasileiros”, segundo relato do ministro Ricardo Lewandowski disse ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Os brasileiros que chegaram algemados foram recebidos e imediatamente liberados das algemas pela Polícia Federal, na garantia da soberania brasileira em território nacional e dos protocolos de segurança em nosso país. A PF proibiu que os brasileiros fossem novamente detidos pelas autoridades americanas”, informou a PF no sábado.
Cobrança ao governo dos EUA
Além disso, o Ministério das Relações Exteriores vai cobrar do governo dos Estados Unidos explicações sobre o tratamento dado a brasileiros deportados. O ministro Mauro Vieira se reuniu com representantes da Polícia Federal, na qual foi feito um “relato detalhado” sobre os incidentes no aeroporto de Manaus.
“A reunião subsidiará pedido de explicações ao governo norte-americano sobre o tratamento degradante dispensado aos ageiros no voo”, disse o Itamaraty. Segundo informação publicada pelo portal UOL, no domingo (26), o governo do presidente americano Donald Trump, empossado há uma semana, prepara uma resposta ao governo brasileiro.