BRASÍLIA - O ministro da Casa Civil, Rui Costa, reúne-se nesta quinta-feira (19) com os governadores para discutir medidas de combate às queimadas no Brasil. O encontro deve contar com governadores das áreas mais afetadas pelas queimadas e pela estiagem na região amazônica: Amazonas, Acre, Rondônia, Roraima, Pará, Maranhão, Amapá, Tocantins, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não participa da reunião. Na quinta, ele cumpre agenda com quilombolas no Maranhão. Na terça-feira (17), Lula se reuniu com os chefes dos Poderes, ministros e representantes dos órgãos ambientais para debater ações em conjunto.
Na ocasião, Rui Costa anunciou que o presidente Lula assinou Medida Provisória abrindo crédito extraordinário de cerca de R$ 514 milhões para financiar medidas emergenciais de enfrentamento de incêndios na Amazônia, Cerrado e Pantanal. Esses recursos ficam fora do limite de gastos para atender despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de calamidade pública.
No domingo (15), o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou o governo a abrir créditos extraordinários para o combate às queimadas, realizando despesas fora da meta fiscal – que neste ano é de déficit zero.
O governo tem buscado “compartilhar a responsabilidade” pelos efeitos das mudanças climáticas e dos graves incêndios que acontecem no país. No encontro com chefes dos outros Poderes, Lula disse que esse diálogo demonstra que o Brasil voltou “a ser um país civilizado”.
"Está acontecendo algo novo no nosso país. Que é tornar o hábito de convidar todos os Poderes constituídos na República Federativa do Brasil para discutir assuntos pertinentes para o país. Quer dizer que estamos voltando a ser um país civilizado", destacou.
“Queremos ouvir outros segmentos da sociedade, compartilhar com o Congresso, com o Judiciário, uma solução que seja definitiva para o Brasil na questão climática”, afirmou Lula.
A Confederação Nacional dos Municípios estima de que mais de 11 milhões de pessoas foram afetadas pelos incêndios. De acordo com dados do Ministério do Meio Ambiente, atualmente, 5 milhões de quilômetros quadrados do território nacional, o equivalente a 60% do total, está sob risco de fogo.
Lula insinua que fogo pode ser por “interesses políticos”
O presidente Lula insinuou, durante reunião com os chefes dos Poderes, que os incêndios criminosos que acontecem no país podem ser por “interesses políticos” e disse sentir “um cheiro de oportunismo” nas ações.
“Não sei se pela proximidade com COP 30 ou pela performance do Brasil nessa questão ambiental, talvez uma parte disso seja por interesses políticos. Existe essa suspeita. Parece que uma pessoa importante na convocação dos atos de 7 de setembro fez uma postagem dizendo 'vamos botar fogo no Brasil'. Vejo muita anormalidade. Mesmo com a seca, a maior dos últimos tempos, sinto um cheiro de oportunismo. Mas é importante fazer os inquéritos”, afirmou.
Em sua fala, durante o encontro, o presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também declarou que a questão dos incêndios no Brasil tem origem “criminosa” e “aparentemente orquestrada”.
“Há uma compreensão do Congresso Nacional de que estamos diante de um problema de consequências climáticas, mas a causa é criminosa. Há uma orquestração mais ou menos organizada que busca esse objetivo de incendiar o Brasil”, disse.