BRASÍLIA - O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo, descartou que o congelamento de R$ 15 bilhões do orçamento do governo federal deste ano tenha sido abordado na reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com centrais sindicais nesta sexta-feira (19), durante agenda em São Paulo. Segundo Macêdo, "não há nenhuma contradição entre controle da economia, da inflação e os investimentos nas políticas públicas".

"Não foi tratado especificamente sobre isso. O que o presidente falou é que no governo dele haverá austeridade fiscal, responsabilidade com os gastos, controle da inflação e investimento nos programas sociais, nas políticas públicas para resolver os problemas do povo brasileiro e atender essa falta de reivindicação dos movimentos. Não há nenhuma contradição entre o controle da economia, o controle da inflação, e os investimentos nas políticas públicas", afirmou o ministro.

A declaração de Macêdo ocorre um dia após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ter anunciado o congelamento de R$ 15 bilhões do orçamento do governo federal deste ano. Desse total, R$ 11,2 bilhões serão bloqueados e R$ 3,8 bilhões contingenciados. Na prática, os valores contingenciados são mais facilmente liberados do que aqueles bloqueados, caso haja aumento das receitas.

Macêdo falou aos jornalistas após participar de uma reunião com o presidente Lula e organizações ligadas às Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, incluindo o Movimento Sem Terra (MST), a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). O ministro da Fazenda e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, também estavam presentes.

O ministro tem sido pressionado por Lula. Há pouco mais de uma semana, o presidente afirmou que o governo realiza diversas "reuniões interministeriais", mas muitos ministros não participam dos encontros, enviando apenas representantes.

Durante um evento no Palácio do Planalto, o presidente cobrou de Macêdo que exigisse a presença efetiva dos demais ministros nas reuniões. Lula também determinou que Macêdo ligue diretamente para os ministros, não contando apenas com mensagens enviadas pelo WhatsApp.

Em 1º de maio, Dia do Trabalhador, Lula também fez cobranças públicas ao ministro, reclamando que havia poucas pessoas no ato e culpando-o pela desmobilização dos sindicalistas e da classe trabalhadora.

A Secretaria-Geral da Presidência tem, entre outras atribuições, a função de ser o canal de interlocução do governo federal com os movimentos sociais. Nesse sentido, Lula cobrou de Macêdo um acompanhamento sistematizado "mês a mês" sobre o que está sendo entregue.

Segundo o líder do MST, João Paulo Rodrigues, durante a reunião desta sexta-feira (19) foram apresentadas duas demandas para a Secretaria-Geral. A primeira é que os movimentos possam realizar agendas com temáticas de comunicação, economia e participação popular com mais frequência.

A segunda é a sugestão de que, ainda neste semestre, os movimentos sociais façam pelo menos duas reuniões com o presidente, tanto para discutir a agenda para setembro quanto, no final do ano, para fazer um balanço do ano e uma previsão dos principais temas que envolverão o próximo período.