ALMG

Governo Zema faz afago na base, mas é cobrado por diálogo sobre PLs

Palácio Tiradentes ainda se compromete nesta terça (4) a honrar acordos deixados pelo ex-secretário Igor Eto, cuja saída foi tratada como “insensibilidade política

Por Gabriel Ferreira Borges
Publicado em 04 de julho de 2023 | 20:17

Após a saída de Igor Eto da Secretaria de Governo, o vice-governador Mateus Simões (Novo) se reuniu, nesta terça-feira (4), a portas fechadas, com os deputados dos blocos de sustentação ao governador Romeu Zema (Novo) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Designado como secretário de Governo interino no lugar do adjunto Juliano Fisicaro Borges, Simões conduz a transição até a nomeação do deputado Gustavo Valadares (PMN), que deve ser publicada no Diário Oficial do Estado apenas na quinta (6).

Em aceno à base, Simões afirmou que a discussão foi sobre “erros e acertos” durante o 1º semestre não só no dia a dia, mas, também, em relação ao trato com os deputados. “Um pedido feito pelos deputados - que me parece muito justo - é de que a gente discuta mais os temas para que eles (parlamentares) estejam mais inteirados da opinião do governo a cada vez que eles são colocados diante de uma discussão ou votação”, itiu o vice-governador após cerca de cinco horas de reunião com os dois blocos na sede do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG).

O líder do bloco de governo, Cássio Soares (PSD), disse que a estratégia e o planejamento cabem em “todo lugar na vida”, inclusive na aprovação de propostas caras ao Estado. “Tem que haver uma previsibilidade, tem que haver um trabalho prévio de discussão, aceitar as sugestões e as opiniões dos deputados, e, aí sim, deixar os projetos prontos dentro do prazo necessário”, pontuou. 

Questionado se a votação do pré-requisito para a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (PAF III) seria um exemplo, Simões confirmou, mas acrescentou o reajuste de 12,84% às carreiras da educação. “É um pedido para que a gente discuta um pouco melhor cada um dos temas, especialmente quando tratamos com uma série de deputados - 18, se não me engano - que estão no primeiro mandato, e, portanto, não votaram o PAF da última vez ou que ainda não aram por manifestações nas galerias (da ALMG) para entender quem é quem que está lá”, apontou.

Quando o reajuste à educação estava em discussão na última semana, uma emenda do deputado Sargento Rodrigues (PL) deu dores de cabeça à articulação do governo. Em recado ao Palácio Tiradentes, Rodrigues recolheu a de 40 deputados, sendo 21 da base, em uma proposta para autorizar o governo a estender os 12,84% às forças de segurança pública. Caso as s significassem necessariamente votos, o número seria suficiente para a emenda ser aprovada em 2º turno em plenário em meio à pressão de servidores da segurança presentes nas galerias.

De acordo com Simões, o governo não cobrou comprometimento dos deputados da base à pauta de votação. “Nem da minha parte, nem da parte dos líderes, houve uma cobrança sobre procedimento. Houve, sim, um pedido para que a gente tente ter mais coesão, o que tem mais a ver com a postura em plenário. Você pode ser coeso se manifestando, não se manifestando. (...) Brincam que tem aquela máxima de que ‘oposição fala, base vota’, mas alguns disseram que pode parecer que não estamos construindo”, ponderou ele.

Ainda em maio, em uma reunião no mesmo BDMG, Eto cobrou diretamente os deputados a comparecer em plenário entre terças e quintas-feiras, quando as reuniões ordinárias normalmente acontecem. À época, o governo não conseguiu reunir o quórum suficiente para votar a extinção da Fundação Educacional Caio Martins, então tratada como uma das pautas prioritárias, às vésperas de a pauta ser trancada, por força do regimento, depois de esgotado o prazo para que vetos de Zema fossem analisados.  

Além de Simões, Valadares também estava presente. Inclusive, o futuro secretário de Governo teria assegurado que os acordos assumidos por Eto, como, por exemplo, a liberação de emendas impositivas e a indicação de cargos, vão ser cumpridos mesmo com a mudança. Nos últimos dias, Simões já havia feito contato com deputados para garantir que os compromissos, alguns firmados ainda quando o deputado Roberto Andrade (Patriota) foi candidato à presidência da ALMG, seriam honrados.   

Os compromissos ainda em aberto foram justamente um dos motivos que surpreenderam os deputados quando Eto caiu. Os encontros desta terça (4) foram os primeiros após a saída do ex-secretário de Governo, o que foi tratado pelos deputados, de forma reservada, como uma insensibilidade política, já que a base ainda se articulava, a três dias do fim do prazo, para votar o pré-requisito para a adesão do Estado ao RRF.