-
João Leite elogia fusão de PSDB e Podemos e diz que pressões da família pesaram em 2024
-
Ministro da Saúde de Bolsonaro e outras 9 testemunhas do general Heleno depõem ao STF nesta segunda
-
‘Não somos bandidos’, diz Mourão a Moraes sobre se esconderia de Bolsonaro encontro com ministro
-
Com 7 pessoas, comitiva de Zema para El Salvador será custeada pelo Estado
-
Carlos Viana diz que busca reeleição, mas não descarta nova tentativa ao governo de Minas
PL desiste de Zucco e planeja indicar Filipe Barros para Comissão de Relações Exteriores
“Indicação do meu nome foi endossada pelo presidente Jair Bolsonaro”, declarou Zucco no início da tarde de terça-feira; horas depois, partido optou por Barros
BRASÍLIA — Sem Eduardo Bolsonaro (PL-SP), a bancada do Partido Liberal optou por indicar Filipe Barros (PL-PR) para a presidência da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados. Jair Bolsonaro (PL) antecipou a informação após encontro com aliados no gabinete de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no Senado Federal, nesta terça-feira (18).
A perspectiva é a de que a instalação do colegiado ocorra na quarta-feira (19) com a eleição de Barros.
O PL articulava a indicação de Eduardo Bolsonaro para o cargo há 45 dias, quando a Câmara dos Deputados retomou as atividades após o recesso. A bancada garantia a eleição do político para o cargo. Contudo, no início da tarde desta terça-feira, horas antes da reunião com o presidente Hugo Motta (Republicanos-PB) para distribuir as comissões, o deputado Eduardo Bolsonaro revelou que se licenciará do mandato.
A reviravolta desaguou na indicação do líder da oposição, Zucco (PL-RS), para substituir Eduardo no colegiado. No início da tarde, o deputado celebrou o feito em declaração pública. “A indicação do meu nome também foi endossada pelo presidente Jair Bolsonaro. Como bom soldado que sempre fui, recebo a indicação do meu nome como uma missão a ser cumprida”, afirmou.
A indicação não perdurou e caiu após reunião entre Jair Bolsonaro e lideranças do partido no gabinete de Flávio Bolsonaro. Interlocutores avaliam que a opção do partido por Filipe ao invés de Zucco é acertada; a análise é que, em um cenário de cobertor curto, é melhor para o partido manter Zucco na liderança da oposição e premiar Filipe, líder em 2024, pela atuação na bancada.
Afastamento do mandato de Eduardo Bolsonaro
O afastamento do mandato, segundo declarou Eduardo, se justifica para intensificar as ações da oposição contra o Supremo Tribunal Federal (STF). O deputado também declarou que abdicará do mandato para impedir o recolhimento do próprio aporte — alvo de notícia-crime protocolada pela bancada do PT na Procuradoria-Geral da República (PGR).
“Irei me licenciar sem remuneração para que eu possa me dedicar integralmente e buscar as devidas sanções aos violadores de direitos humanos. Aqui, [nos EUA] poderei buscar as justas punições que Alexandre de Moraes e a sua Gestapo da Polícia Federal merecem”, afirmou Eduardo Bolsonaro.
Ele citou o pedido de deputados do PT para apreensão do aporte dele, enviado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para manifestação da PGR.
"Se Alexandre de Moraes quer apreender o meu aporte ou até mesmo me prender para que eu não possa mais denunciar os seus crimes nos Estados Unidos, então é justamente aqui que eu vou ficar", declarou.
"Alexandre, a minha meta de vida será fazer você pagar por toda a sua crueldade com pessoas inocentes. Estarei focado integralmente nesse objetivo. Só retornarei [ao Brasil] quando você estiver devidamente punido pelos seus crimes, pelo seu abuso de autoridade", frisou.
O deputado falou sobre seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), alvo de denúncia da PGR por tentativa de golpe de Estado, que será julgada pela Primeira Turma do STF a partir da próxima terça-feira (25). "Não tenho dúvida que o plano dos nossos inimigos é encarcerá-lo para assassiná-lo na prisão ou deixá-lo lá perpetuamente".
Atuação internacional
Com Jair Bolsonaro inelegível por duas condenações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e com o aporte retido por decisão do Supremo, Eduardo Bolsonaro se tornou o principal representante do pai entre líderes e grupos da direita nos Estados Unidos, na América do Sul e na Europa.
O parlamentar transita entre lideranças de direita e mantém diálogo com Steve Bannon, estrategista de Donald Trump, e o argentino Javier Milei. É também Eduardo quem articula a edição brasileira do AC, uma conferência internacional que reúne figuras do espectro mais conservador.
Além disso, ele lidera uma frente da oposição brasileira em território norte-americano em busca de apoio para Jair Bolsonaro contra as ações que ele enfrenta no Supremo. Internamente no partido, Eduardo Bolsonaro é até mesmo cotado para substituir o pai na eleição de 2026.
Comissão de Relações Exteriores
Por esse protagonismo, ele era o principal cotado para assumir a Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados. Por ter a maior bancada da Casa, o PL é quem indica o presidente do colegiado. Para tentar reverter, o líder do PT, deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), deu cabo a uma ofensiva.
Os deputados do PT acionaram o Conselho de Ética da Câmara e a PGR contra o parlamentar, acusando-o de constranger o STF e atrapalhar as investigações do ministro Alexandre de Moraes no âmbito do inquérito da tentativa de golpe de Estado.
Lindbergh Farias ainda pediu que a PGR solicite ao STF o recolhimento do aporte do deputado. Em retaliação, o líder do PL, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), apresentou um projeto para proibir a aplicação de medidas cautelares a integrantes do Congresso Nacional.