O governo de Minas Gerais informou, início da noite desta terça-feira (21 de janeiro), que a secretária de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag), Luísa Barreto (Novo), vai deixar o cargo, conforme antecipado por O TEMPO, e assumirá a presidência da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge).
Segundo Palácio Tiradentes, o principal objetivo de Luísa no cargo será “promover as adequações necessárias para viabilizar a adesão de Minas ao Programa de Pleno Pagamento da Dívida Dos Estados (Propag)”, especialmente a preparação para privatização ou federalização da estatal. A atual chefe da Seplag vai deixar o cargo apenas três meses depois de reassumir o posto no governo de Romeu Zema (Novo).
Segundo o governo do Estado, Luísa Barreto permanece como secretária de Planejamento por ora, e deve assumir a presidência da Codemge “nas próximas semanas” após “concluir o período de transição de sua sucessão”. Sua substituta será a atual chefe de Gabinete da Seplag, Sílvia Caroline Listgarten Dias.
A saída de Luísa do posto era especulada desde que ela retornou à Seplag após as eleições municipais do ano ado. A secretária havia se desincompatibilizado para ser candidata a vice-prefeita na chapa do deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos), que ficou em terceiro lugar na corrida pela Prefeitura de Belo Horizonte. Luísa reassumiu a secretaria 15 dias após a derrota, entre o primeiro e o segundo turno.
Em nota, o governo de Minas afirma que Luísa terá a missão de “adotar medidas de valorização da empresa, em busca de uma justa avaliação de valor (valuation) para uma eventual federalização ou privatização”. A Codemig, que tem a Codemge como acionista majoritária, é a empresa com maior valor do governo estadual e é vista como o principal ativo para ser utilizado no abatimento da dívida de Minas com a União em uma eventual adesão ao Propag.
Retorno à Seplag 6631s
A secretária antecipou o retorno à pasta porque a repactuação do acordo de reparação pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, na região Central de Minas, era iminente. Na ocasião, a secretária, que esteve à frente das negociações na Seplag, teria dito a pessoas próximas que fazia questão de estar presente na celebração do acordo.
A eleição municipal do ano ado desgastou a relação entre Luísa e o partido Novo. A princípio, a secretária queria ser cabeça de chapa, mas o partido havia condicionado a candidatura própria ao desempenho nas pesquisas eleitorais. O entorno de Zema não queria que a fatura de uma eventual derrota caísse na conta do governador.
Quando Luísa ainda era pré-candidata, Zema pontuou que a secretária era um “excelente nome”, mas pontuou que a “pesquisa” e as “alianças” definiriam se ela seria, de fato, candidata ou não. “E temos bons candidatos para a PBH. O melhor será feito”, disse, durante uma agenda em Lagoa Santa, região metropolitana.
Àquela altura, o governo Zema e o Novo costuraram um acordo com o Republicanos para apoiar Tramonte, que, à época, liderava as pesquisas de intenções de voto para a PBH. Então, Luísa teve que abrir mão da cabeça de chapa e se tornou a candidata a vice-prefeita.
Desde que assumiu a secretaria pela primeira vez, Luísa acumula desgastes com categorias de servidores, principalmente da segurança pública. Isso porque, desde o primeiro mandato de Zema, iniciado em 2019, o governo deu apenas duas recomposições salariais ao funcionalismo, uma em 2022, de 10,06%, e outra no ano ado, de 4,62%.
Luísa era um dos principais quadros do primeiro escalão de Zema, onde estava desde o primeiro mandato do governador. A influência da secretária ultraava a Seplag, por exemplo. À frente da pasta, que assumiu depois de deixar a presidência da Emater, ela indicava servidores para outras pastas a pedido dos pares.
A saída de Luísa é a terceira alteração no secretariado de Zema em um ano. Em fevereiro de 2024, o então secretário de Fazenda, Gustavo Barbosa, pediu para deixar o cargo. Depois, foi a vez da então secretária de Desenvolvimento Social, Elizabeth Jucá.
Com informações de Gabriel Ferreira Borges