A eventual ida do vice-governador Mateus Simões (Novo) para o PSD é tratada por interlocutores tanto de um quanto de outro partido como um aceno para uma chapa conjunta ao governo de Minas Gerais em 2026. Apesar de lideranças do PSD terem negado, as conversas entre Simões e o partido, noticiadas nesta segunda-feira (2 de dezembro), vêm a público em meio à incerteza se o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), concorrerá ou não ao Palácio Tiradentes.

O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, e o presidente estadual, Cássio Soares, negaram qualquer convite para Simões se filiar ao partido. Em nota, Kassab informou que “não conhece esta história” e Cássio, que “o projeto do PSD continua sendo o Pacheco”. “O partido segue aguardando a definição dele (presidente do Senado)”, frisou o presidente estadual, que é líder do bloco do governo Romeu Zema (Novo) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

Simões, que já tem o apoio público de Zema para sucedê-lo em 2026, teria desmentido a ida para o PSD ao ser questionado internamente por integrantes do diretório estadual do Novo assim que a eventual mudança começou a circular em grupos de um aplicativo de mensagem. Procurado, o vice-governador não se manifestou até a publicação desta reportagem. Assim que se manifestar, o posicionamento será acrescentado. 

Apesar de lideranças do PSD virem a público para desmentir a chegada de Simões, o movimento é avaliado nos bastidores como uma tentativa de o vice de Zema se apresentar como uma alternativa caso Pacheco não se candidate. Embora já tenha itido que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) o quer como candidato ao Palácio Tiradentes, o presidente do Congresso ainda é reticente sobre uma eventual campanha.  

Pacheco sinalizou que pode deixar a vida pública assim que encerrar o mandato, em 2027. “A decisão de não ser candidato é uma decisão que pertence a mim, mas não é algo que hoje eu tenho em mente. De fato, hoje, eu tenho uma tendência muito mais forte em encerrar minha vida pública em 2027 do que ser candidato em 2026”, revelou o senador no último dia 24, em entrevista a um podcast.

Interlocutores do PSD avaliam que o vínculo de Simões ao partido seria um aceno a prefeitos e a deputados estaduais e federais para se apresentar como um candidato viável. O partido de Kassab tem o maior número de prefeituras em Minas Gerais, com 143. O movimento do vice-governador o aproximaria do centro, afastando-o de possíveis adversários, como o senador Cleitinho (Republicanos) e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL). 

Sem Pacheco e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), o caminho estaria aberto para que o PSD indique o candidato a vice em uma chapa encabeçada por Simões. Como as bancadas federal e estadual do partido têm deputados mais à direita do que à esquerda, a composição com o Novo, ao contrário de 2022, quando o PSD lançou o ex-prefeito Alexandre Kalil (sem partido) para enfrentar Zema, é vista como natural por parte dos interlocutores do partido do governador. 

Já outros correligionários de Simões tratam uma composição entre Novo e PSD como improvável. Embora Kassab seja secretário de Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo e cotado para enfrentar Lula em 2026, a avaliação de partidários do vice é de que não há lideranças nacionais do PSD dispostas a se aproximar do governo Zema ou, então, se afastar do governo Lula. Em razão da relação estreita entre a sigla e o Palácio do Planalto, há quem aposte que, hoje, é mais provável uma debandada de lideranças do partido.

Além disso, um eventual embarque do PSD em uma chapa do Novo teria que superar desgastes, como aqueles enfrentados nas eleições municipais. Por duas vezes, o partido de Zema preteriu o prefeito reeleito Fuad Noman (PSD) para apoiar adversários. No primeiro turno, o Novo embarcou na campanha do deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos), e no segundo, na candidatura do também deputado estadual Bruno Engler (PL).

À época, Cássio descartou um desembarque do PSD da base do governo Zema. “Temos muita responsabilidade com Minas Gerais, assim como estamos percebendo que os eleitores têm com Belo Horizonte, que sabem que Fuad é o melhor candidato”, disse o presidente estadual. O partido tem a terceira maior bancada da ALMG, com dez parlamentares.