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O aumento do IOF vai pesar no bolso de quem?

Governo Lula gera incerteza após anunciar aumento de imposto e recuar logo em seguida

Por Gabriel Molnar e Rodrigo Campelo
Publicado em 23 de maio de 2025 | 18:03

O imposto sobre operações financeiras (IOF) vai aumentar ou não? É um desastre de comunicação, onde o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, parece estar tão perdido quanto nós. O Governo anunciou que o IOF para aplicações de fundos no exterior subiria de 0% para 3,5%. No entanto, recuou horas depois.

Apesar disso, outras mudanças anunciadas nesta quinta-feira continuam valendo. Entre elas, o aumento do IOF para compras com cartão internacional, envio de dinheiro para fora do Brasil e empréstimos de curto prazo no exterior. Também permanecem em vigor a alta na alíquota para compra de moedas estrangeiras, o aumento para empresas que contratam crédito e a criação de uma nova cobrança para grandes aportes em planos de previdência privada, como o VGBL.

Quem ganha é a oposição, que deve alcançar milhões de pessoas acusando Lula de cobrar mais impostos do povo.

O que é o IOF?

O IOF é um tributo federal cobrado em diversas transações que envolvem dinheiro, como empréstimos, câmbio, seguros e investimentos. Ele aparece, por exemplo, quando você faz um empréstimo, compra moeda estrangeira, usa o cartão de crédito em compras internacionais ou investe em alguns tipos de aplicações financeiras. O objetivo do IOF não é só arrecadar, ele também serve como uma ferramenta para o governo regular a economia.

Na prática, funciona assim: se o governo quer frear o consumo ou o envio de dinheiro para fora do país, ele pode aumentar o IOF nessas operações. Por outro lado, se quiser estimular a economia, pode reduzir. Esse imposto é flexível e pode ser alterado por decreto, ou seja, não precisa ar pelo Congresso para entrar em vigor. Isso permite mudanças rápidas, mas também pode causar insegurança, como vimos nos últimos dias.

A estimativa inicial da equipe econômica do Governo era arrecadar R$ 20,5 bilhões em 2025 e R$ 41 bilhões em 2026 com as novas alíquotas. No entanto, com o recuo parcial anunciado logo após a divulgação das medidas, ainda não se sabe qual será o impacto real na arrecadação.

Quem vai pagar mais caro?

De acordo com Haddad, o aumento do IOF não deve afetar a maioria da população brasileira. Segundo ele, a medida exclui o crédito de pessoa física: “Consignado, cheque especial, cartão de crédito, está tudo excluído”. Na verdade, a taxa pode gerar um efeito cascata na economia, e no final das contas, atingir até o seu bolso.

Pequenas empresas, especialmente no setor de comércio e serviços, estão entre as primeiras a sentir o peso da medida. Isso porque muitas dessas empresas dependem de linhas de crédito para manter o fluxo de caixa, financiar estoques ou cobrir despesas do dia a dia. Com o imposto mais alto, o custo desses empréstimos sobe, o que pode levar a uma redução no investimento, no número de funcionários e até no volume de vendas.

No varejo, o reflexo pode ser ainda mais direto. Boa parte das compras de pequenos lojistas é feita com crédito de curto prazo — capital de giro que já é caro no Brasil e que, com o IOF mais elevado, fica ainda menos ível. Isso vale para quem vende roupas, eletrônicos, cosméticos ou alimentos. Se o lojista paga mais para repor o estoque, o consumidor final também paga mais na ponta.

Além do varejo, setores como turismo, educação privada e tecnologia também sofrem com um IOF maior. Escolas e universidades que parcelam mensalidades, agências de viagem que financiam pacotes ou startups que buscam crédito para crescer — todos esses negócios enfrentam mais dificuldades em um ambiente onde o custo do dinheiro aumenta. O encarecimento do crédito desestimula o consumo e pode frear o crescimento de empresas em fase de expansão.

Para o consumidor comum, o impacto do aumento do IOF nem sempre é visível de imediato, mas é sentido no bolso. Ele aparece no parcelamento da escola dos filhos, no financiamento do carro usado, no empréstimo para reformar a casa ou até naquela compra parcelada da loja de roupas. Em um cenário de juros altos, qualquer aumento adicional pesa.