Parem com a radicalização
Insegurança do governo na adoção de medidas importantes
Convenhamos que o país anda sofrendo muito com a radicalização política que se instalou entre nós, a partir de Lula e Bolsonaro. O governo de Lula anda sofrendo alguns reveses, como a roubalheira no INSS tirando dinheiro dos aposentados, e até agora não teve uma atitude firme. Até aqui a oposição tem tirado proveito da situação, radicalizando o discurso com acusações, numa clara estratégia de levar a população a acreditar que todo o esquema no INSS foi desenvolvido no período do governo petista.
Consolidada esta convicção na população, por mais evidentes sejam as provas de que a falcatrua se iniciou e foi ampliando em governo ados, até atingir cifras estratosféricas no atual, o único culpado será Lula. Aí, adeus 2026. Adeus quarto mandato.
Bater bumbo para desviar a atenção de si e jogar tudo sobre o adversário, não é novidade. O PT já foi mestre nesta tática e, agindo assim, cresceu, ganhou espaço e destruiu reputações. Agora é o alvo da mesma tática e, talvez por já não ter a mesma unidade de antes, vai seguindo a mesma rota dos antigos inimigos destruídos por ele. E o pior já começa a ser sentido.
O receio de abrir espaço para as críticas dos oposicionistas, alguns conhecidos boquirrotos, começa a gerar insegurança na adoção de medidas importantes para o país. Na semana ada, por exemplo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, quis aumentar o IOF em algumas operações financeiras e teve que voltar atrás, pela pressão do empresariado e de investidores e pelo carnaval que a oposição começou a armar.
Comunicação
A verdade é que o governo, até aqui, falha feio na sua comunicação. O ministro da Comunicação, Sidônio Palmeira, não conseguiu mostrar a que veio. Lula já se deu conta disso e se programa para colocar o pé na estrada. Seu plano é viajar por todos os estados, conversando com políticos e, na medida do possível, diretamente com a população, retomando seu velho estilo de fazer política.
A questão é saber se o presidente ainda tem o mesmo carisma que fez dele, para a população, “um igual a nós”, que resultou na conquista de três mandatos presidenciais.
Nas visitas que está programando aos Estados, que serão muito mais políticas do que istrativas, Lula vai sentir se têm chances do quarto mandato.
Enquanto isso, o ex-presidente Bolsonaro, vivendo o drama do processo em andamento por tentativa de golpe, que pode levá-lo à prisão, estimula seus seguidores mais radicais – que já se nota estão diminuindo – ao ataque a Lula e seu governo. É sim, uma forma de defesa. Mas o país não pode ficar no meio desta guerra.