Dos três autores que desenvolveram Vale Tudo em 1988, sem dúvida Leonor Bassères é de quem menos se fala. Há quem nem credite a obra a ela e a Aguinaldo Silva, o outro parceiro de Gilberto Braga na empreitada de sucesso.

Na ocasião, Leonor escrevia outra novela com Gilberto Braga: Celebridade, atualmente em reprise no Canal VIVA. Com seu falecimento, a vaga entre os coautores foi ocupada por Ricardo Linhares. No último capítulo, Gilberto dedicou o trabalho à amiga, sua parceira por mais de 20 anos em diversos trabalhos.

Como autora, coautora ou colaboradora, Leonor Basséres escreveu com Gilberto Braga as novelas Brilhante (1981-1982), Louco Amor (1983), Corpo a Corpo (1984-1985), Vale Tudo, O Dono do Mundo (1991), Pátria Minha (1994-1995) e Celebridade, mais as minisséries O Primo Basílio (1988) e Labirinto (1998).

O primeiro contato entre os dois escritores se deu quando Leonor adaptou os roteiros dos 159 capítulos de Água Viva (1980) para uma versão em romance, publicada pela Editora Record na época do fim da novela. Antes disso, ela trabalhou com propaganda, deu aulas de idiomas, foi jornalista e crítica literária.

No processo de trabalho da primeira versão de Vale Tudo, cada um dos autores escrevia mais cenas de um determinado núcleo, mas também ocorreram alternâncias. O livro Gilberto Braga – O Balzac da Globo, escrito por Mauricio Stycer e Artur Xexéo, conta que Leonor tinha fama de ser boa em “histórias de escritório”, sequência do cotidiano das grandes empresas nas novelas – a TCA, a Fraga Dantas etc. Outro ponto de habilidade de Leonor eram as cenas com crianças.

Leonor desenvolvia mais frequentemente em Vale Tudo as cenas dos personagens Marco Aurélio (Reginaldo Faria), Heleninha (Renata Sorrah) e do casal formado por Laís (Cristina Prochaska) e Cecília (Lala Deheinzelin). Também era com ela que ficavam os acertos com editores da emissora, por exemplo, para cortes ou adiantamento de cenas nos capítulos.