O governo japonês divulgou que o país teve 686.061 nascimentos em 2024, número que ficou abaixo da marca de 700 mil pela primeira vez desde o início das estatísticas demográficas em 1899. Os dados foram apresentados nesta quarta-feira (4) pelas autoridades japonesas. A queda representa 41.227 nascimentos a menos em comparação com 2023, configurando o nono ano consecutivo de declínio na natalidade.
A taxa de fecundidade japonesa atingiu o nível recorde de 1,15 filho por mulher, conforme indicam os dados oficiais. Enquanto os nascimentos diminuem, o número de óbitos chegou a 1,6 milhão em 2024, mais que o dobro dos nascimentos registrados no mesmo período e um aumento de 1,9% em relação ao ano anterior.
O primeiro-ministro Shigeru Ishiba classificou a situação demográfica atual do país como "emergência silenciosa". O cenário contrasta com o ado do Japão, que experimentou um "baby boom" entre 1971 e 1974, período em que o país registrava aproximadamente 2 milhões de nascimentos anualmente.
O fenômeno demográfico tem gerado preocupações entre autoridades japonesas, que observam a escassez de mão de obra em diversos setores como consequência direta desse processo. O declínio na taxa de natalidade está relacionado a múltiplos fatores socioeconômicos, incluindo o elevado custo da educação, a estagnação econômica e transformações nos padrões de vida da população.
A transformação demográfica afeta todo o território japonês, manifestando-se com maior intensidade nas regiões rurais. Em mais de 20 mil localidades do país, a maioria dos habitantes já ultraou os 65 anos, segundo informações do Ministério do Interior.
O governo japonês planeja implementar medidas para tentar reverter essa tendência. Ishiba prometeu políticas favoráveis às famílias, incluindo maior flexibilidade nos horários de trabalho. O primeiro-ministro também defendeu a revitalização das áreas rurais, onde o problema do envelhecimento populacional é mais agudo.