O bilionário Elon Musk afirmou nesta quinta-feira (5) que vai desativar a Dragon, da SpaceX, utilizada pelos Estados Unidos para transportar carga e pessoas para a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês). O anúncio é um desdobramento do seu desentendimento com o presidente Donald Trump, de quem se dizia aliado até pouco tempo.

"À luz da declaração do presidente sobre o cancelamento dos meus contratos com o Estado, a SpaceX começará a desativar sua nave espacial, Dragon, imediatamente", escreveu Musk no X, também de sua propriedade.

Hoje, a Dragon é a única nave espacial americana capaz de enviar astronautas para a estação espacial e trazê-los de volta. Com isso, desativá-la provavelmente afetaria o programa da ISS, que envolve dezenas de países sob um acordo internacional de duas décadas.

Procurada, a Nasa não se manifestou.

Ao todo, a disputa entre Musk e Trump põe em risco o destino de cerca de US$ 22 bilhões em contratos do governo americano com a SpaceX.

A Nasa depende da Dragon desde 2020, sob um contrato com a SpaceX no valor de US$ 5 bilhões, um dos muitos que tornam a empresa de Musk um elemento-chave do programa espacial americano.

Só da Nasa a SpaceX ganhou contratos que somam US$ 15 bilhões. A agência coloca muitas de suas cargas científicas e espaçonaves no foguete Falcon 9 e ajuda a financiar o desenvolvimento do Starship, cujo plano atual é que seja utilizado para levar astronautas à superfície da Lua em 2027.

No Pentágono, os foguetes da SpaceX são cruciais para lançar satélites de segurança nacional ao espaço. Além disso, a unidade de satélites militares da empresa de Musk está construindo uma enorme constelação de espionagem em órbita para a inteligência americana.

Há anos, Musk fala em aposentar a nave para tornar Starship a principal nave espacial tripulada da empresa. Em 2022, a empresa chegou a interromper a produção da Dragon, limitando a sua frota a quatro unidades. Mas a Nasa a estimulou que construísse mais naves.