A relação entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro segue acalorada. Pelas redes sociais, os dois direcionaram questões ao outro na manhã deste sábado (25), resquícios da saída do juiz da pasta que direcionava, nessa sexta. Quem abriu as postagens foi o presidente, relatando ingratidão do ex-ministro.

Bolsonaro postou em sua conta no Twiiter uma foto com Moro, em que traça uma linha do tempo de perseguição ao juiz e, ainda, afirmando que esteve ao seu lado. O tweet dá a entender que Moro foi ingrato com o presidente em momentos nos quais queriam acabar com a reputação do ex-ministro da Justiça.

"A VazaJato começou junho 2019. Foram vazamentos sistemáticos de conversas de Sérrgio Moro com membros do MPF. Buscavam anular processos e acabar com a reputação do ex-juiz. Em julho, PT e PDT pediram prisão dele. Em setembro, cobraram o STF. Bolsonaro no desfile do dia 7 fez isso:", traz o tweet de Bolsonaro, com uma foto logo em seguido dos dois juntos.

pic.twitter.com/1MvxMBe4mu

— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) April 25, 2020

Pouco tempo depois, Moro respondeu, também por meio do Twitter. Em seu post, o juiz declarou que também apoiou o presidente, recordando acusações feitas a Bolsonaro de que ele teria envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco, em março de 2018. Em complemento, Moro afirmou que, ainda assim, preservar a Polícia Federal de interferência política não dialoga com relacionamentos pessoais.

"Sobre reclamação na rede social do Sr.Presidente quanto à suposta ingratidão: também apoiei o PR quando ele foi injustamente atacado. Mas preservar a PF de interferência política é uma questão institucional, de Estadode Direito, e não de relacionamento pessoal", postou Moro.

Sobre reclamação na rede social do Sr.Presidente quanto à suposta ingratidão:também apoiei o PR quando ele foi injustamente atacado.Mas preservar a PF de interferência política é uma questão institucional,de Estadode Direito,e não de relacionamento pessoal https://t.co/I5HD9uhTj9

— Sergio Moro (@SF_Moro) April 25, 2020

No tweet de Moro, há o link de uma matéria que remonta a outubro de 2019, quando Moro enviou à Procuradoria Geral da República um ofício solicitando a instauração de um inquérito para apurar fatos revelados em uma reportagem do Jornal Nacional, da Rede Globo. Nele, Moro aponta um possível equívoco no envolvimento do nome do presidente no crime em questão.

"A inconsistência sugere possível equívoco na investigação conduzida no Rio de Janeiro ou eventual tentativa de envolvimento indevido do nome do Presidente da República no crime em questão, o que pode configurar crimes de obstrução à Justi ça, falso testemunho ou denunciação caluniosa, neste último caso tendo por vítima o Presidente da República, o que determina a competência da Justiça Federal e, por conseguinte, da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. É ainda possível que o depoente em questão tenha simplesmente se equivocado ou sido utilizado inconscientemente por terceiros para essas finalidades", colocou em ofício.