O senador Alessandro Vieira (PSDB-SE) afirmou que há “ineficiências” na gestão do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG. Em entrevista exclusiva a O TEMPO, o tucano fez críticas à aliança do senador mineiro com Davi Alcolumbre (União-AP), um dos fatores-chave na eleição à presidência da Casa.
Na disputa, Vieira anunciou voto em Rogério Marinho (PL-RN) contra Pacheco, que foi reeleito por 49 votos a 32.
“A eleição do Senado foi lida de forma equivocada pela mídia, como se fosse um terceiro turno da eleição presidencial. E não foi. Era uma disputa interna para definir espaços e condições de trabalho para os senadores no próximo biênio”, disse.
“Ao longo da gestão do senador Rodrigo Pacheco, tivemos uma série de ineficiências. Em especial, a Comissão de Constituição e Justiça [CCJ], que praticamente não se reuniu. Apenas seis reuniões deliberativas em um ano”.
No último biênio, a CCJ foi presidida por Davi Alcolumbre, que pretende se manter no cargo. Os presidentes das comissões temáticas devem ser definidos nas próximas duas semanas, mas já há um acordo para que a CCJ fique com o União Brasil.
Alessandro Vieira diz que vê como prejudicial a aliança entre Pacheco e Alcolumbre. Para o tucano, o senador mineiro “tem uma formação adequada” e não apresenta problemas ligados a corrupção. Mas o mesmo, na visão dele, não se pode dizer sobre Alcolumbre
“Alcolumbre tem perfil totalmente diferente, de envolvimento com problemas já históricos. Teve alguns processos arquivados, é investigado por outras situações. E tem toda uma conduta que na minha opinião, é negativa para o Brasil”.
“[A aliança entre os dois] Prejudica o andamento da Casa e acaba criando espaços nebulosos entre Legislativo e Executivo, onde antes você tinha o orçamento secreto, distribuído sem critérios republicanos”.
Questionado se teme o estabelecimento de um “duopólio” no Senado, com a possibilidade de Davi disputar novamente a presidência em 2025, Vieira cobrou de Pacheco.
“Seria apenas a continuidade do que já se tem hoje. O que se espera é que Pacheco honre os votos que recebeu e que tenha estatura política para poder comandar esse momento, apartando-se dessas práticas mais antigas e defasadas”.
Entre fatores que também considera problemáticos na gestão de Pacheco à frente do Senado, Alessandro Vieira aponta o orçamento secreto, como ficaram conhecidas as emendas de relator, extintas em dezembro pelo STF, e dificuldades para a instalação da I da Covid, em 2021, o que só ocorreu após decisão do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo.
Veja abaixo a íntegra da entrevista feita na redação de O TEMPO em Brasília:
O TEMPO agora está em Brasília. e a capa especial da capital federal para as notícias dos Três Poderes.