A Usiminas apresentou, nesta quarta-feira (24/03), os detalhes sobre a retomada de atividades do Alto-Forno 3, na unidade de Ipatinga, no Vale do Aço, após uma grande reforma que custou R$ 2,7 bilhões. O equipamento, que foi paralisado no início do ano ado para as intervenções, foi religado em novembro. As obras incluíram a troca da parte interna do Alto-Forno e a implantação de um novo sistema de resfriamento.

O Alto-Forno 3 é responsável pela produção de 70% do aço bruto da unidade de Ipatinga. Ele foi inaugurado em 1974, e a reforma possibilita que as operações ocorram por pelo menos mais 20 anos.

O equipamento transforma o minério de ferro em ferro-gusa, a uma temperatura de 1.500ºC, em um primeiro o do processo. Depois o ferro-gusa vai para a aciaria, onde é convertido em chapas de aço. Esse material vai então para a laminação, em que é transformado em aço laminado, o principal produto comercializado pela Usiminas.

O presidente da Usiminas, Marcelo Chara, disse que a reforma do Alto-Forno 3 permitirá uma produção mais eficiente e sustentável do aço. "O Alto-Forno 3 incorpora tecnologia, permite melhorar a eficiência operacional e nosso impacto ambiental. Claramente, investir R$ 2,7 bilhões gera uma transformação extraordinária", afirma.

O Alto-Forno 3 tem capacidade de produzir 3 milhões de toneladas de ferro-gusa por ano. Mas isso não significa que a produção terá esse aumento imediato. As empresas brasileiras enfrentam a forte concorrência do aço chinês, que é subsidiado pelo governo local e está sendo vendido mais barato do que o produto brasileiro. Diante dessa concorrência, a indústria brasileira cobra do governo federal uma taxação maior de importação do aço chinês, de 25%.

Até por isso, o presidente da empresa explicou que o Alto-Forno 1 foi desligado. Apenas os equipamentos 2 e 3 estão ativos neste momento. "Não poderíamos estar operando com os três fornos a plena carga ou com um nível superior ao que estamos hoje dimensionados. Estamos concorrendo contra indústrias que exportam para nosso país em condições de subsídio. Não queremos subsídio, mas se a condição de mercado gera produtos com preços artificialmente construídos, não temos outro remédio a não ser reduzir a produção"  explica.

A reportagem entrou em contato com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços sobre uma possibilidade de aumento da tributação do aço importado e aguarda uma resposta.

Presença do governador 691g1e

O governador Romeu Zema também esteve na solenidade em Ipatinga e conversou com o presidente da Usiminas sobre a questão do aço chinês. Zema disse que já enviou um requerimento para o Ministerio do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços para cobrar uma resposta do governo federal em relação ao problema.

"O presidente me ou os problemas que tem enfrentado no Brasil e aquilo que estiver ao nosso alcance nós estaremos fazendo porque o setor produtivo é a solução do Brasil e não o problema. O setor público é que precisa mudar, é que precisa se aperfeiçoar. E aqui em Minas nós estamos mostrando o que é possível", disse.

* O repórter viajou a convite da Usiminas