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“No Mundo sem Você” mostra a conexão entre humanos e pets
Filme provoca reflexão sobre a forma como a sociedade lida com o luto animal
A dor inável de perder um animal de estimação, o luto e a conexão que transcende as barreiras das espécies são uma realidade avassaladora na vida de milhares de pessoas.
“Eu estava no sexto período de psicologia e, durante uma palestra sobre tutores enlutados, fiquei perplexa ao ver que, na plateia, só havia tutores querendo dar voz ao seu luto, todos com nó na garganta esperando sua vez de falar. Isso me deixou pensativa”, relembra Shirley Fraguas, jornalista e cineasta com profunda conexão com o mundo animal.
Em agosto de 2023, ela perdeu sua gatinha Phoebe, com 18 anos. “Era meu grande amor. Meu mundo desabou, mesmo com mais animais em casa. Todos nós caímos juntos. Ninguém ficou bem para cuidar do outro, entende? Depois de alguns meses, ainda de luto, me veio à cabeça fazer mais um documentário, desta vez em homenagem à Phoebe”, comenta a cineasta.
Daí nasceu o documentário “No Mundo sem Você”, de aproximadamente 57 minutos, produzido em Belo Horizonte. Seu primeiro documentário foi “Salve-os Quem Puder”, sobre protetores de animais de Belo Horizonte, e o segundo, “Por Eles”, sobre veganismo.
“No Mundo sem Você” desvenda a extraordinária conexão entre humanos e seus animais de estimação. “Por meio de narrativas íntimas e comoventes, o documentário nos leva a uma jornada emocional, explorando a alegria do companheirismo e a dor profunda da perda. Aborda a morte e o luto animal com sensibilidade e respeito, mostrando a força dos laços que nos unem a esses seres e as diversas formas de lidar com a partida, desde rituais de despedida até a difícil decisão da eutanásia”, diz Shirley.
O filme também provoca uma reflexão sobre a forma como a sociedade lida com o luto animal, muitas vezes negligenciado ou desvalorizado, e a importância de se reconhecer e validar essa experiência. “São dez depoimentos de tutores que aram pelo luto e um texto da escritora Dayanne Dockhorn, autora do livro ‘Pequenas Ausências’, sobre a perda de sua coelhinha de estimação. E ainda tem as participações da veterinária Carla Sássi, que fala sobre eutanásia, e da tanatóloga Kênia Camargo, que aborda o luto”, ressalta a cineasta.
Os efeitos, ajuste de som e animação são de Nayara Leite. “Durante as entrevistas tive o prazer de conhecer o artista Arthur Endy, que havia perdido sua cachorrinha e compôs ‘Leia’, música maravilhosa em homenagem a ela e que carinhosamente ele nos cedeu”, ressalta Shirley.
AGENDA: O documentário “No Mundo sem Você”, com direção de Shirley Fraguas e Rosana Viana, será exibido no dia 8 de junho, às 18h, no Galpão Cine Horto, na rua Pitangui, 3.613, Horto. Ingressos na bilheteria do teatro a partir das 17h30.
São inexplicáveis e eternos os laços de afeto
As filmagens começaram no final de setembro de 2024 e terminaram em fevereiro de 2025, e Shirley convidou Rosana Viana (Rô Viana) para ser sua parceira nessa aventura. Ela é jornalista e ativista pelo bem-estar animal e se dedica à implementação de políticas públicas que garantam melhores condições de vida para os animais no município de Cachoeira da Prata, em Minas Gerais, e foi diretora e idealizadora do documentário “Salve-os Quem Puder”.
“Sou protetora de animais independente e já resgatei e acolhi muitos animais de rua aqui, em Cachoeira da Prata. Tive que optar pela eutanásia diversas vezes, mas nunca estive presente nos procedimentos. Mesmo não tendo construído laços com aqueles animais, a dor e a tristeza já pesavam. Não conseguia presenciar as partidas”, relembra Rosana.
Atualmente ela vive com 11 cães. “Em dezembro de 2023 perdi mais um dos meus adotados. Resgatei quando ele era bebê e o vi crescer até completar 12 anos. Ele estava internado, e fui visitá-lo. Ele esboçou reação quando me viu, levantou a cabeça, abanou o rabinho, mas se prostrou de novo. Percebi que a sua hora estava bem próxima. Não me olhou mais nos olhos, mesmo eu fazendo cafuné. À noite ele partiu. Estava só me esperando para se despedir”, conta a cineasta. (AED)
O luto é uma vivência pessoal
A sociedade de forma geral não atende e não acolhe o luto pela perda de um animal de estimação. “É importante observar que a gente não tem que ter vergonha desse luto. E o luto não tem tempo, não tem hora. Alguns estudos dizem que o luto é para sempre, só que vai tomando outras formas. Outros dizem que ele se transforma em saudade, em reviver memórias. Cada um tem sua forma de ar pelo luto. O que queremos é o respeito. Viver em um mundo sem a Phoebe é viver em um mundo incompleto”, reflete a cineasta Shirley Fraguas.
Para Rosana Viana, a conexão entre seres humanos e animais se forma quando há respeito e confiança. “São características fundamentais para qualquer relacionamento, seja entre humanos ou humanos e animais. Os animais não falam, mas sentem. São amorosos ou agressivos, refletindo a forma como são tratados. Quando há uma conexão com algum animal, a relação é pura (porque eles são puros), é autêntica, recíproca. Vive-se um amor livre de julgamentos e rancores. Um amor genuíno é o que eles têm para nos dar”.
E finaliza: “‘Viver em um mundo sem você’ é perder um pedaço. À medida que vivemos, vamos quebrando e perdendo pedaços. Quando nós mesmos partimos, estamos fragmentados”. (AED)