Festival volta a celebrar a palavra escrita, falada, poética e cantada em BH

“A coisa mais difícil é selecionar os homenageados. Se fossem todos que queríamos, o festival não teria data para acabar”, brinca Carminha Guerra ao falar sobre o Festival “A Arte da Palavra”, que, promovido pelo Selo Karmim, chega a sua terceira edição celebrando a palavra falada, escrita, musical e poética a partir desta quarta-feira (28 de maio).

Com concerto, palestra e performances, o evento se estende até sábado (31), prestando tributo a nomes como Fernando Pessoa, Ernesto Nazareth, Dorival Caymmi e Tom Jobim.

Carminha, idealizadora do festival, conta que, neste ano, o primeiro nome a despertar seu interesse curatorial foi o do pianista e compositor brasileiro Ernesto Nazareth, pelos 90 anos de sua morte. “Ele é um ícone da história da literatura musical, e é necessário que seja lembrado e relembrado, para que sua música chega a gerações e pessoas que ainda não o conhecem”, defende.

Para homenageá-lo, a produtora convocou a pianista Maria Teresa Madeira. “Ela é uma especialista da obra dele, e gravou todas as suas 215 músicas em um total de 12 álbuns”, exalta, frisando que, durante o concerto que abre a programação, a instrumentista comenta faixa a faixa, falando sobre a história de Nazareth com o público.

Já o nome do escritor português Fernando Pessoa surgiu quando Carminha se deu conta que, coincidentemente, o ano de 2025 também marcava os 90 anos de sua morte. “Eu sempre tento trazer algum representante da poesia para o festival e achei que seria rica a oportunidade de prestar tributo a ele, que chamo de ‘pai nosso dos poetas’.

O lusitano, no caso, é celebrado em uma palestra, na quinta-feira (29), conduzida pela professora e filósofa Maria de Lourdes Gouveia, cujos ingressos já estão esgotados. Além disso, ele é saudado, na sexta (30), em um monólogo do ator Luciano Luppi, intitulado “Cenas Poéticas”.

Por fim, Carminha conta que quis incluir um preito à Tom Jobim, pelos 30 anos de sua morte, quando despertou para a ligação que o músico tinha com Dorival Caymmi, que completaria 110 anos em 2025. Juntos, eles gravaram o disco “Dorival visita Tom”, de 1964.

“Além de parceiros musicais, foram amigos. Eles representam essa simbiose entre arte e afeto, algo que acredito que estamos precisando hoje”, detalha ela, exaltando o time de peso responsável pelo tributo no palco, no sábado (31).

O número musical reúne Aline Calixto, como convidada especial, além da banda formada por Gilvan de Oliveira, no violão, Mauro Rodrigues, na flauta, Eneias Xavier, no contrabaixo acústico, Cyrano Almeida, na bateria, Luísa Mitre, no piano, e Guda Coelho, percussão.

Compromisso

Para Carminha Guerra, o festival “A Arte da Palavra” representa um compromisso, um dever. “Eu sinto que está na essência do meu trabalho cultuar os nossos mestres, que precisam ser encarados como referências. Acho que, ao cultuá-los, nos tornamos mais ricos e mais nobres”, descreve, defendendo que, em se tratando destes nomes, nunca se trata de um mero “gostar”. “É reverência mesmo, coisa de outra ordem”, estabelece.

Sobre as expectativas, diz lidar com um ponto de interrogação, com um suspense. “Acho que vamos encontrar um público lindo, que vai nos aplaudir. Até porque é um evento muito tentador, que reúne só o que há de melhor”, torce.

SERVIÇO:
O quê. Festival Arte da Palavra 2025
Quando. Abertura nesta quarta-feira (28), às 20h. Até sábado (31)
Onde. Teatro e Sala Multimeios do Centro Cultural Unimed-BH Minas (rua da Bahia, 2.244, Lourdes)
Quanto. R$ 40 (inteira, nos eventos do Teatro); gratuitos (nos demais eventos). Ingressos disponíveis no Sympla e na bilheteria do Teatro.

Programação:

• 28/5 - quarta-feira - 20h - Concerto comentado sobre Ernesto Nazareth com a pianista Maria Teresa Madeira
• 29/5 - quinta-feira - 20h - Palestra “O Pai Nosso dos Poetas” sobre Fernando Pessoa com a professora Maria de Lourdes Gouveia - Sala multimeios/ entrada franca
• 30/5 - sexta-feira - 20h - Fernando Pessoa & Luciano Luppi: ‘’Cenas Poéticas’’
• 31/5 - sábado - 20h - Musical em homenagem a Caymmi e Tom Jobim com Gilvan de Oliveira (violão), Mauro Rodrigues (flauta), Eneias Xavier (Contrabaixo acústico), Cyrano Almeida (bateria), Luísa Mitre (piano) e Guda Coelho (percussão) - convidada especial Aline Calixto (voz)