CINEMA

O Agente Secreto faz história com dois prêmios no Festival de Cannes

Wagner Moura é melhor ator e Kleber Mendonça Filho melhor diretor; Palma de Ouro vai para o iraniano "Um Simples Acidente"

Por AFP
Atualizado em 24 de maio de 2025 | 15:20

Os brasileiros Wagner Moura  e Kleber Mendonça Filho venceram neste sábado (24) os prêmios de melhor interpretação masculina e melhor diretor no 78º Festival de Cannes por "O Agente Secreto". A Palma de Ouro foi para "Um Simples Acidente" (It Was Just an Accident) do Irã.

É a primeira vez que um brasileiro vence o prêmio de interpretação masculina na competição principal do festival.
"Eu tive a sorte de ter a oportunidade de trabalhar com o Wagner Moura, um grande ator e uma grande pessoa. Espero que este filme lhe traga coisas maravilhosas. Obrigado ao júri e à presidente Juliette Binoche", disse Mendonça Filho ao agradecer pelo colega, que não estava presente.

Alguns minutos depois, foi a vez do próprio Mendonça Filho receber o prêmio de Melhor Diretor. "Estava bebendo champanhe pelo prêmio de Wagner Moura", declarou Mendonça Filho, um pouco surpreso por ser chamado novamente ao palco.

"Meu país, o Brasil, é um país cheio de beleza e poesia. Estou muito orgulhoso de estar aqui esta noite. Penso que Cannes é simplesmente a catedral do cinema neste planeta", acrescentou o cineasta, que misturou português, francês e inglês no discurso.

No filme, Moura interpreta um professor que retorna a Recife para encontrar o filho, sem saber que seu ado, no qual enfrentou a corrupção, o colocará em perigo. "O personagem que interpreto só quer viver com os valores que o representam. É terrível que, em momentos distópicos, manter-se fiel aos seus valores de dignidade seja perigoso", disse Moura há alguns dias em Cannes.

Outros prêmios conquistados

Mais cedo, O Agente Secreto havia ganhado outros dois prêmios em Cannes. O longa foi considerado o melhor filme do festival pelo júri da Fipresci, principal associação de críticos de cinema do mundo, e também ganhou o Prix des Cinémas Art et Essai, da Associação sa de Cinemas de Arte e Ensaio.

"O Agente Secreto" é uma coprodução entre Brasil, Alemanha, França e Holanda. As filmagens ocorreram em Recife, Brasília e São Paulo, com pós-produção na Europa. O projeto utilizou recursos do Fundo Setorial do Audiovisual, vinculado à Ancine, e recebeu apoio do Ministério da Cultura.

A trama se a em Recife, durante o ano de 1977, ainda no período da ditadura militar brasileira. Wagner Moura interpreta Marcelo, um professor de 40 anos especializado em tecnologia que deixa São Paulo para retornar à sua cidade natal, buscando recomeçar e escapar de um ado violento e misterioso.

Palma de Ouro

"Um Simples Acidente", do cineasta dissidente iraniano Jafar Panahi, venceu neste sábado (24) a Palma de Ouro do 78º Festival de Cannes. O filme, rodado de maneira clandestina, narra o encontro fortuito de um homem que acredita reconhecer seu torturador nas ruas de Teerã.

Apesar de ser presença constante no festival, o Brasil não foi vencedor de nenhuma Palma de Ouro em mais de 60 anos. A única já vencida pelo País foi com O Pagador de Promessas, de Anselmo Duarte, em 1962. Fernanda Torres foi a primeira atriz brasileira a ser coroada em Cannes, em 1986, pelo filme "Eu Sei que Vou Te Amar". (Com informações Folhapress e Estadão Conteúdo)

Veja todos os vencedores no Festival de Cannes

Melhor Roteiro: Young Mothers, de Jean-Pierre and Luc Dardenne

Melhor Ator: Wagner Moura, por O Agente Secreto

Prêmio Especial: Resurrection, de Bi Gan

Camera d’Or: The President’s Cake, de Hassan Hadi

Menção especial da Camera d’Or: My Father’s Shadow, de Akinola Davies Jr

Palma de Ouro para curta-metragem: I’m Glad You’re Dead Now, de Tawfeek Barhom

Menção especial da Palma de Ouro para curta-metragem: Ali, de Al Rajeev

Melhor Direção: Kleber Mendonça Filho, por O Agente Secreto

Prêmio do Júri: Sirat, de Oliver Laxe, e The Sound of Falling, de Mascha Schilinski