Pode soar clichê, mas Junior concorda que a chegada dos 40 anos – completados no último 11 de abril – é sinônimo de amadurecimento em sua vida. “Os clichês existem não é à toa, né? Eles são reais”, diz o cantor e compositor, em entrevista a O TEMPO, emendando com uma explicação. “Eu acredito que 40 anos é uma idade muito interessante, porque a gente consegue tirar muitos fantasmas da nossa frente; a gente dá uma assentada na vida; algumas coisas ficam mais leves”, comenta ele, que também associa a maturidade a uma grande paixão: a música. 

“A quilometragem é muito importante”, frisa Junior, que tem mais de 30 anos de carreira. “É essa maturidade na hora de compor, na hora de escolher os papos, na hora de fazer as escolhas musicais, na hora de entender que eu tenho que, em primeiro lugar, agradar a mim mesmo para depois agradar a quem vai ouvir o meu trabalho, sabe?”, reflete o cantor, que acaba de lançar seu novo álbum – ou melhor, a segunda parte de seu primeiro projeto solo.

Intitulado “Solo Vol. 2”, o disco entrou nas plataformas de áudio na noite dessa quinta-feira (23), sete meses após o lançamento do volume 1 do projeto. Se na primeira parte a percepção é de um Junior fazendo um desabafo, sem medo de mostrar seus sentimentos e exorcizando neuras, a continuação de “Solo” apresenta o artista num momento mais confessional, de coração aberto e visceral, e flertando, sem pudor, com elementos do rock, gênero musical do qual ele declarou ser fã.

“A divisão das músicas do que seria volume 1 e volume 2 foi se dando naturalmente, e no final do processo eu entendi qual seria essa ordem”, conta, revelando que a maioria das canções foi composta no mesmo período e que, devido ao grande volume de composições, decidiu lançar o projeto em duas partes. “Foram as fases que eu vivi nesses últimos anos. A partir de 2020, que pegou o período da pandemia, foi a fase em que eu mais estava compondo. Então tem alguns bons relatos confessionais dessa época, sim, que se expande para outras fases, porque tem coisas que a gente vive em qualquer momento da vida”, detalha. 

Ele, que ao lado da irmã, Sandy, cresceu diante dos holofotes da mídia, revela – com ressalvas – não ter incômodo em se abrir nas canções de “Solo”. “Em alguns momentos, eu chego a pensar isso, mas tento tirar esse pensamento da minha cabeça porque é uma coisa um pouco perigosa, uma limitação criativa. E a minha vida já é tão exposta! Tem outras partes em que eu me protejo e guardo um pouco mais, mas em algumas também é melhor botar para fora do que ficar guardando”, observa. “E tem alguns momentos em que eu pareço estar sendo literal, mas não estou falando exatamente de mim, então isso acaba sendo certa proteção também, porque aí nunca vão saber exatamente se sou eu 100%”, confessa. 

“Desde o início do volume 1 até a última música do volume 2, tem uma narrativa, tem uma historinha, um subtexto que vai costurando tudo. Tem uma linha do tempo certinha na minha cabeça. É louco porque eu sinto que começo a primeira música do volume um (‘De Volta pra Casa’) e termino a última música do volume 2 (‘Será que Vai Ser Sempre Assim?’) no mesmo lugar. Só que, no meio disso tudo, se aram alguns anos. Então é meio uma viagem”, destaca Junior, ao falar sobre o conceito do projeto “Solo”, com as duas partes já lançadas. “Acho que, se eu fosse fazer esse disco com 30 anos, ele seria diferente, sem dúvida”, afirma ele, referindo-se a um tema abordado no início deste texto: a maturidade.

Influência do rock 2r1h2k

“Solo Vol. 2” tem 13 faixas, incluindo dois interlúdios e o primeiro single, “Seus Planos”. No recém-lançado material, é nítido que Junior aposta numa sonoridade que mistura pop com outros elementos, principalmente o rock. “Ao longo do processo de composição e de fazer os arranjos, em algum momento, acabei me permitindo pesar um pouco mais a mão nos elementos, na influência do rock ‘n’ roll”, explica ele, que cita “Tabu”, que surgiu em um camping de composição, como a música em que esses elementos são mais evidentes, como, por exemplo, um solo de guitarra de Filipe Coimbra. “Ela veio com o arranjo da demo, já tinha a cara muito parecida com o que virou no disco. Isso me representa muito também, porque o rock ‘n’ roll fez parte de um período grande da minha vida”, conta, referindo-se à banda de rock Nove Mil Noites, na qual tocou bateria entre 2008 e 2009. 

Para Junior, essa investida atende também a um anseio de parte dos fãs. “Eu me senti no direito de seguir por esse caminho, até porque tem uma galera que está achando que eu vou vir com um disco de rock. Então, pensei: deixa eu colocar esses elementos que eu tanto gosto e que eu vou sentir maior tesão de fazer e de ter no meu som”, comenta o artista, que também cita outras companheiras de sonoridade de “Tabu”, as faixas “Salve-se Quem Puder” e “Fora da Caixa”.

“A ideia é ‘roubar’ o ouvinte, do tipo ‘vem cá, vamos dar uma voltinha aqui por essas ondas, por essas praias, e daqui a pouco a gente volta para o pop’, porque não deixa de ser um álbum pop, né?”, garante Junior, que defende sua opinião por meio da música “Fome”, que conta com a participação de Glória Groove. “Para mim, ‘Fome’ é quase um menu (de sonoridades)”, define ele, uma vez que a faixa mistura rap com batida eletrônica. “Ela a por várias influências, vários caminhos de se fazer pop”, afirma.

Primeira turnê solo a caminho 4u41p

Junior ite que o foco dele, neste momento, é o lançamento de “Solo Vol. 2”, mas adianta que já pensa no próximo o: uma turnê para rodar o país. “O meu próximo grande projeto, o grande foco, vai ser montar um show e agenda para ir para a estrada”, afirma. Apesar de ainda não ter nada definido, o cantor revela que pretende vir a Belo Horizonte com sua primeira turnê solo – em tempo: o último show que ele fez na capital mineira foi em 2019, ao lado da irmã, Sandy, na apresentação que celebrava os 30 anos de carreira da dupla Sandy e Junior.

“BH, com certeza, é uma das grandes capitais para levar o show. Tem lugares incríveis para tocar aí. Eu amo tocar em Minas, me sinto muito bem, em casa”, avalia o músico. “A ideia é conseguir dar uma rodada com show ainda neste ano, no segundo semestre”, diz.