A diminuição do preço da gasolina anunciado pela Petrobras começou a valer nessa terça-feira (03/06), com redução de 5,6% nas refinarias e projeção de queda de R$ 0,12 por litro nas bombas. Em alguns postos de Belo Horizonte, já era possível encontrar, no mesmo dia, o produto a R$ 5,59, de acordo com imagens registradas pela reportagem de O TEMPO. A diferença é de R$ 0,43 em relação ao preço médio na capital mineira, que é de R$ 6,02, segundo levantamento do site de pesquisa Mercado Mineiro divulgado na segunda-feira (02/06), que avaliou 200 postos.

Para o consumidor, fica a impressão de que a diferença de R$ 0,43 supera bastante a redução da Petrobras, de R$ 0,12 por litro. No entanto, não é bem assim. De acordo com Feliciano Abreu, do Mercado Mineiro, o valor encontrado pela reportagem está dentro da margem registrada pelo site de pesquisa, cujo preço mais baixo foi R$ 5,59, e o mais alto, R$ 6,79, uma diferença de 21,5%.

“Além da Petrobras, fatores como região e concorrência também influenciam nos preços. Postos mais baratos, onde a circulação de produto é maior, tendem a ter uma diminuição maior de preço - o que faz cair ainda mais o preço final. Até porque, se o seu concorrente abaixa o preço e você não, a tendência é que o seu negócio perca vendas e o seu estoque fique parado. Esse valor, de R$ 5,59, provavelmente é de uma região tradicionalmente mais barata”, avalia. 

Dados do Mercado Mineiro também mostram que a tendência já era de queda nos preços mesmo antes do anúncio da Petrobras. No início de maio, a gasolina custava, em média, R$ 6,10 nos postos de BH e região. A última pesquisa, portanto, que registrou um preço médio de R$ 6,02, aponta uma queda de 1,4% no período. 

Eduardo Antunes, gerente de pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, istrativas e Contábeis (Ipead), da UFMG, reforça que os preços vistos agora não são necessariamente um “retrato instantâneo” da realidade após a medida anunciada pela Petrobras. “O preço já vinha caindo nas últimas semanas. Então, esse valor, de R$ 5,59, já não é novidade em muitos postos da capital”, diz. 

De toda forma, ele aponta que a tendência é de queda na próxima semana. Segundo a última pesquisa do Ipead, realizada com 130 postos da capital mineira, o preço médio da gasolina era de R$ 6,06. Agora, a estimativa é que esse valor caia pelo menos 3,81% nos próximos dias. 

“Isso, inclusive, deve ajudar a segurar a inflação em BH, uma vez que é um produto que pesa muito no orçamento. Ainda mais agora, momento em que a energia elétrica aumentou e deve ficar ainda mais cara. Será um cabo de guerra da inflação, com a gasolina puxando para baixo e a energia elétrica puxando para cima”, aponta. 

Desde 1º de junho, as contas de energia elétrica operam com a Bandeira Vermelha. Isso significa que o consumidor já está pagando mais caro: R$ 4,46 a mais a cada 100 kW/h (quilowatt-hora) consumidos. Uma decisão tomada por conta de uma redução da geração hidrelétrica em todo o país, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) - o que faz com que seja necessário acionar as termelétricas.

Procurado pela reportagem de O TEMPO, o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Minas Gerais (Minaspetro) respondeu que não monitora preços. “Possivelmente, este movimento é reflexo da alta concorrência no varejo, que briga centavo por centavo pelo cliente”, aponta.