O Fórum de Contagem, na região Metropolitana de Belo Horizonte, adiou o julgamento Anderson de Lima Silva, Israel Efraim Gomes e Paulo Almeida Mota Neto. Os três são acusados de crimes de homicídio como o de Marlon Bruno Candeia, de 15 anos, no bairro Cidade Industrial, em Contagem, em 2007. Eles também respondem por crimes contra outro adolescente e associação criminosa. Um dos réus, Israel Efraim Gomes, que está preso, é investigado por ser o mandante do conflito entre gangues na Vila da Paz, também em Contagem.
"Eu condeno esse tipo de expediente, mas não quero fazer um júri que possa ter nulidade em instâncias superiores", avaliou o juiz Elexander Diniz Camargos. O magistrado lamentou o pedido da defesa, ao considerar que este é um caso antigo e ainda sem definição, mas apontou que já possui uma data para a retomada do caso. "Aqui em Contagem, os júris que são adiados tem preferência em relação aos outros. Nós temos uma data em mente e com prazo suficiente para que vocês possam se preparar", informou o juiz para a defesa dos réus. O novo julgamento será no dia 9 de março.
O procedimento seria realizado na manhã desta terça-feira (31). A decisão atendeu a um pedido da defesa dos réus, que pediu a substituição de uma testemunha e alegou não ter tido prazo suficiente para se preparar para a defesa. O juiz também determinou o prazo de dez dias para que a defesa de Israel Efraim Gomes apresente uma nova testemunha para substituir uma que faleceu. "Nós fomos surpreendidos com a informação dessa testemunha. A gente entende que para ter um esclarecimento em plenário, nós ouvissemos essa testemunha. Diante dessa impossibilidade, que seja feita a substituição", justificou o advogado André Vartuli, que atua na defesa de Israel Efraim Gomes.
O Ministério Público lamentou o adiamento e considerou que essa foi uma estratégia do acusado Anderson Lima. "O Ministério Público veio pronto, preparado para trabalhar. Lamento que o acusado que mesmo tendo tido tanto tempo, tenha se movimentado para conseguir a defesa somente na véspera do seu julgamento. É uma negligência do acusado", avaliou o promotor de Justiça Henry Wagner Vasconcellos de Castro, que questionou a conduta do réu ao contratar advogados de defesa um dia antes do julgamento.
Guerra na Vila da Paz
Um dos réus deste julgamento, Israel Efraim Gomes, é investigado por envolvimento na guerra entre gangues rivais na Vila da Paz. Pelo menos três pessoas já morreram por causa do atrito, mas estima-se que o número seja maior. O conflito reúne membros do tráfico de drogas da Vila da Paz e da Vila Joana D'Arc, na região do Barreiro. O acusado está preso no Complexo Penitenciário Público-Privado (PP) de Ribeirão das Neves.
"O que a gente observa é que há nas investigações uma falha considerável e uma ausência de elementos. Mas a gente vai rebater cada um deles e a gente vai conseguir demonstrar a forma equivocada que o Ministério Público embarca. Eles tentam imputar a ele e perdem tempo com outras pessoas que podem estar envolvidas", avaliou o advogado André Vartuli.