A prisão de uma advogada de 26 anos tem repercutido no mundo jurídico em Belo Horizonte. A mulher é investigada pela Polícia Civil por supostamente colaborar com um traficante que chefiava a venda de drogas nos bairros Vista Alegre e Cabana, e também na região do Barreiro. Além disso, ela estaria ligada a um triplo homicídio ocorrido em janeiro de 2021 no bairro Vila Joana Darc, em Belo Horizonte. A defesa nega as acusações.

Jennifer Rayane Moreira Valente estava com um mandado de prisão preventiva em aberto. A detenção ocorreu na quarta-feira (24), na residência da família no bairro Colonial, em Contagem, na região Metropolitana de Belo Horizonte.

Segundo a Polícia Militar, a mãe da jovem advogada tentou despistar os militares no portão da casa, alertando a filha sobre a chegada dos PMs. A filha, então, chegou a fugir pelo telhado, mas acabou detida na área externa do imóvel vizinho.

A investigação da Polícia Civil aponta que ela se aproveitava da condição de advogada para levar informações privilegiadas para o traficante, que está detido - ele não teve o nome divulgado. Em uma dessas conversas, ele teria ordenado a morte das três pessoas e a informação foi reada para os executores. Fontes indicam, inclusive, que ambos teriam um relacionamento, mas o fato não foi confirmado pela Polícia Civil.

Com a advogada foram apreendidos dois celulares, um documento falso e uma pequena porção de ecstasy, segundo a Polícia Militar. A mulher foi encaminhada ao Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), em BH.

‘Acusações delirantes’

Para o advogado Ércio Quaresma, que representa Jennifer, não há indícios que comprovem a participação dela nesses crimes. “A denúncia é nitidamente inepta. Ela não diz efetivamente como, de que forma e quando a Jennifer teria praticado qualquer ato em favor da perpetuação de homicídio”, diz Quaresma.

O advogado completa e diz que as acusações são um ‘delírio’ dos investigadores. “Eles falam em organização criminosa, fala de relacionamento com um cidadão que seria vinculado ao tráfico e é desafeto daqueles que estão sendo julgados. É um verdadeiro delírio e eu vou provar isso na Justiça. Pena que esses policiais não vão responder pelo mal que estão causando a essa moça”, defende Quaresma.

O habeas corpus para soltura da advogada foi negado pelo Superior Tribunal de Justiça e a defesa planeja acionar o Supremo Tribunal Federal para garantir a soltura da investigada.