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Indiciado por estupro de criança, professor de hip hop de Nova Lima segue livre
Suspeito de 44 anos foi denunciado após abusar de criança de 10 anos em escola da cidade; mãe da menina denuncia descumprimento de medida protetiva
Em agosto de 2023, o que seria apenas uma aula de hip hop em uma atividade complementar de sua escola, na cidade de Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte, culminou em um trauma ainda longe de ser superado por uma garota de 12 anos. Após ser estuprada pelo professor, dono de uma ONG da cidade, a menina e sua família vivem com medo, uma vez que, ados quase dois anos, o suspeito segue em liberdade e teria, inclusive, descumprido uma medida protetiva e ido até a casa da vítima duas vezes em abril deste ano.
O TEMPO conversou nesta sexta-feira (9 de maio) com a mãe da vítima, uma mulher de 43 anos, que contou que o crime aconteceu dentro da Escola Municipal José Brasil Dias, quando a filha tinha apenas 10 anos. Na ocasião, durante a aula e na frente de outras crianças, o suspeito teria aproveitado do momento em que ela descansava, deitada em um colchonete, para "esfregar" suas partes íntimas nas nádegas da criança.
"Ela contou que ele teria ficado cerca de dois minutos em cima dela, até que ela, assustada e sem reação, saiu e foi para outro lugar. Minha filha contou ainda que o professor costumava colocar o celular para filmar as aulas, sob alegação de que seria um pedido da diretora. Mas, depois, descobrimos que não existia essa solicitação. Vai saber o que ele fazia com estas filmagens, se vendia ou outras coisas", detalha a mulher, que não será identificada.
No dia 24 de setembro de 2024 a Polícia Civil indiciou o suspeito pelo estupro de vulnerável contra a menina de 10 anos, relatando o caso ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). Porém, após o suspeito aparecer na porta da casa da família da vítima, a mãe entrou com um pedido de medida protetiva, concedido pela Justiça e que deveria mantê-lo a pelo menos 500 metros de distância da adolescente e seus parentes.
"Ainda assim, no fim de abril, ele apareceu na porta da nossa casa duas vezes. Ele sabia que deveria manter distância e, ainda assim, veio aqui. E se minha filha tivesse se deparado com ele? Como ficaria? É muito difícil ar por isso tudo e ainda ver o cara solto, inclusive vindo no nosso portão, e as autoridades acharem que está tudo certo", protesta a mãe.
Diante da violação da medida, a mulher registrou um novo boletim de ocorrência, porém, nada teria sido feito. Procurada, a Polícia Civil informou, por nota, que a denúncia de descumprimento de medida protetiva foi analisada e concluída sem indiciamento, "haja vista que os elementos de informação não demonstraram a ocorrência do crime de descumprimento".
O TJMG também foi questionado sobre o motivo para o suspeito seguir em liberdade, porém, como o processo tramita em segredo de Justiça por envolver uma menor de idade, não foram reados maiores detalhes. O tribunal informou somente que, no último dia 7 de maio, o advogado da família entrou com um pedido de prisão preventiva pelo descumprimento da medida.
"Na mesma petição, solicitou a intimação do Ministério Público. De acordo com a última movimentação, foi expedido uma comunicação para que o MP se manifeste. Não temos como afirmar, no momento, se ele é considerado foragido pela Justiça", concluiu a Justiça. O MPMG informou somente que não comenta casos em segredo de justiça.
A reportagem tentou contato com o professor de dança denunciado, porém, ele não foi localizado para comentar as denúncias.
Suspeito deu aulas até novembro de 2024
Apesar do fato ter sido denunciado pela mãe da menina ainda em agosto de 2023 à Secretaria Municipal de Educação, o suspeito continuou ministrando aulas para crianças até novembro de 2024, mais de um ano após o registro do caso. A mulher conta que o suspeito teria sido removido da escola de sua filha, mas, tempos depois, descobriu que ele continua atendendo crianças em outro equipamento do município.
"Outras crianças confirmam que ele ava a mão em todas as meninas. Tenho relatos de mulheres contando ter sido vítimas dele quando eram crianças. Imaginem quantas pessoas ele pode ter estuprado nesse tempo", questiona a mulher. A reportagem de O TEMPO confirmou, com funcionários do Centro de Atividades Culturais (CAC) Cabeceiras, que ele ministrou oficinas de dança na unidade até o fim do ano ado.
Procurada, a Prefeitura de Nova Lima confirmou o desligamento do homem em novembro de 2024. "O profissional em questão atuava como oficineiro de dança por meio de empresa terceirizada, dentro do programa Escola em Tempo Integral. Assim que a escola recebeu a denúncia de comportamento inadequado, ele foi imediatamente desligado da função", argumentou o município.
"Minha filha tem pesadelos, pergunta se nada vai acontecer com ele", diz mãe
Perguntada sobre como a filha tem lidado com a situação, a mãe garantiu que o psicológico da garota está "destruído". "Minha filha tem pesadelos constantes com ele. Ela chora, pergunta constantemente se não vai acontecer nada com ele, se ele não vai preso. Desde o ocorrido, ela fica prostrada, só fica deitada. Não gosta mais de ir em festas, fica mais no quarto. Era muito expansiva, mas ficou uma pessoa mais instrospectiva", conta.
A mulher conta que a filha ainda não recebeu atendimento psicológico desde o estupro. "A gente teve que mudar de casa, tive que entregar o ponto comercial onde eu trabalhava. Antes eu tinha condições de comprar as coisas, dar roupa nova para ela. Mas, depois disso acontecer, eu vivo em função da minha filha. Vamos começar a fazer acompanhamento psicológico, mas estou primeiro organizando a minha vida para poder começar o tratamento, que será essencial, principalmente por ele seguir aparecendo aqui em casa", conta, envergonhada, a mulher.
Questionada sobre a falta de e psicológico pela reportagem, a Prefeitura de Nova Lima afirmou que a Secretaria de Educação e a escola realizaram todos os encaminhamentos necessários, incluindo a comunicação ao Conselho Tutelar e a "orientação à família da estudante para o acompanhamento psicológico na rede de saúde".