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Médicos iniciam tratamento contra botulismo em família intoxicada após consumo de torta em BH
Exames ainda não confirmaram a presença da toxina, produzida por uma bactéria, porém, o protocolo com o antídoto já foi iniciado
Após exames descartarem a presença de substâncias do veneno popularmente chamado de "chumbinho", as três pessoas da mesma família que estão internadas desde a última terça-feira (22 de abril), após a ingestão de uma torta de frango de uma padaria do bairro Serrano, na região Noroeste de Belo Horizonte, estão recebendo o antídoto contra o botulismo, doença causada pela toxina produzida pela bactéria Clostridium botulinum.
A informação foi confirmada a O TEMPO nesta sexta-feira (25 de abril) por Maria Luiza, que é cunhada do filho da idosa de 75 anos que é uma das vítimas intoxicadas. "Não tem a confirmação ainda de que é essa a causa, mas os sintomas indicam para isso. Por isso, iniciaram o protocolo de botulismo, que deve ser começado o quanto antes", detalha a familiar das três vítimas.
Ainda segundo Maria Luiza, o soro antibotulínico está sendo aplicado desde a quinta-feira (24) na idosa, que segue internada em uma unidade de saúde de Belo Horizonte, e no casal, de 23 e 24 anos, que a pelo tratamento em um hospital de Sete Lagoas, cidade na região Central de Minas onde eles vivem.
O doutor Egon Campos dos Santos, químico formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pela Universidade de São Paulo (USP), explica que a toxina botulínica é extremamente perigosa. “Ela bloqueia a liberação de acetilcolina nas terminações nervosas, causando paralisia muscular progressiva que, se atingir os músculos respiratórios e não for tratada rapidamente, pode ser fatal”, detalha o especialista.
Apesar de largamente utilizada por médicos e dentistas para fins estéticos, no famoso "Botox", a substância deve ser aplicada localmente, pois, se cair na corrente sanguínea, pode causar a morte por falta de ar.
O que é o botulismo?
De acordo com o Ministério da Saúde (MS), o botulismo é uma "doença neuroparalítica grave, rara, não contagiosa, causada pela ação de uma potente toxina produzida pela bactéria C botulinum. "O agente etiológico entra no organismo por meio de ferimentos ou pela ingestão de alimentos contaminados que não têm produção e/ou conservação adequada. Sua notificação é compulsória e imediata (em até 24 horas) para que as ações de vigilância sejam realizadas em tempo de prevenir outros casos. A doença pode levar à morte por paralisia da musculatura respiratória", completa o órgão federal.
O MS diz ainda que a toxina produzida por essa bactéria pode causar "envenenamento grave" e "em questão de horas", mesmo se ingerida em pouquíssima quantidade. É o caso das três vítimas internadas em Minas, já que, segundo os familiares, após experimentarem a torta e sentirem um forte gosto de estragado, eles retornaram ao estabelecimento, reclamaram e receberam o dinheiro de volta.
"Além disso, os esporos desta bactéria são amplamente distribuídos na natureza, como em solos e sedimentos de lagos e mares, podendo sobreviver até em ambientes com pouco oxigênio, como em alimentos em conserva ou enlatados. Também estão presentes na água não tratada e em produtos agrícolas, como legumes, vegetal e mel, e em intestinos de mamíferos, peixes e vísceras de crustáceos", detalha o Ministério da Saúde.
Relembre o caso
Três pessoas foram hospitalizadas em estado grave após ingerirem torta de frango e empadas adquiridas em uma padaria localizada no bairro Serrano, na região Noroeste de Belo Horizonte. Os sintomas de mal-estar surgiram na terça-feira (22), um dia após o consumo dos produtos. A polícia não descarta a possibilidade de envenenamento ou de contaminação causada por alguma toxina ou microorganismo.
Segundo o boletim de ocorrência da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), as vítimas são uma mulher de 75 anos e um casal, com 23 e 24 anos. Elas compraram os alimentos na segunda-feira (21) e, ainda no mesmo dia, retornaram ao estabelecimento para devolvê-los, alegando que estavam impróprios para consumo.
Funcionários da padaria informaram aos policiais que aceitaram a devolução e reembolsaram os clientes. Ainda conforme o boletim, os produtos apresentavam odor forte e aspecto deteriorado. Os alimentos teriam sido preparados no sábado (19) por um padeiro contratado temporariamente.
O dono da padaria confirmou a versão. Conforme registrado no documento policial, ele declarou que contratou o profissional como freelancer e não mantinha contato com ele. Disse ainda desconhecer o endereço do padeiro, que trabalhou no local por apenas seis dias, encerrando suas atividades no domingo (20). O pagamento, segundo o proprietário, era feito em dinheiro, sem registro formal.
A padaria foi interditada até a chegada da perícia da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG). A Vigilância Sanitária foi acionada, mas, de acordo com a PMMG, não havia equipe disponível para vistoriar o local na terça-feira (22).
A padaria foi interditada na manhã desta quarta-feira (23). "A medida foi necessária porque o estabelecimento não possui Alvará Sanitário e nenhum cadastro no serviço para iniciar o processo para liberação do documento. Além disso, foram encontradas irregularidades no que se refere a questões de higiene e estrutura sanitária", disse a Prefeitura de BH. O local, no entanto, está com o Alvará de Localização e Funcionamento (ALF) em situação regular.