Menos de um ano depois de se consultar com o médico que viria a perseguir por cinco anos, na cidade de Ituiutaba, no Triângulo Mineiro, a modelo e artista plástica Kwara Welch, de 23 anos, já dava indícios de sua obsessão nas redes sociais. Em uma das dezenas de pinturas publicadas por ela, datada de abril de 2020, a jovem desenhou um médico que carrega nas mãos um coração, obra que ela mesma nomeou de "Meu coração em sua mão". 

A pintura foi publicada no instagram da moça, que está presa desde o último dia 8 de maio após a polícia cumprir um mandado de prisão em uma universidade de Uberlândia, na mesma região, onde ela cursava nutrição. Em outra ilustração, de março de 2022, a jovem fez um autorretrato em que ela é Themis, a "Deusa da Justiça". Na pintura, ela aparece vendada e segurando uma balança. Logo atrás, é possível ver asas de um anjo e, à frente de seu corpo, uma espada. 

Veja: 

Ao longo dos cinco anos de perseguição, a stalker foi alvo de 42 ocorrências registradas pelo médico e sua família, já que a mulher e filho do homem de 47 anos também eram alvo das perseguições. Em um único dia, as vítimas chegaram a receber mais de 500 ligações e 1,3 mil mensagens da suspeita. 

Entre as ocorrências registradas pela família do médico estão os crimes de perseguição, denunciação caluniosa, ameaça, perturbação do sossego, lesão corporal, extorsão e furto. As perseguições teriam se iniciado cinco anos antes, depois da jovem ser atendida pelo médico e, a partir dali, ter ado a procurá-lo dizendo que estava apaixonada.

Depois de ser retirada da lista de pacientes do médico, justamente devido às perseguições, foi que as ameaças se intensificaram ainda mais, ando a afetar até mesmo a mulher e o filho do profissional. 

Avó da modelo participou de agressão

Em uma das ocasiões em que Kawara acabou detida por conta das perseguições, até mesmo a avó da modelo, uma mulher de 50 anos, chegou a ser conduzida para a delegacia após ajudar a neta em um ataque contra a esposa do médico perseguido. 

O caso foi registrado no dia 4 de janeiro de 2023, no momento em que a mulher chegava na clínica onde o homem trabalha e foi surpreendida pelas duas mulheres. A perseguidora e a avó teriam tentado retirará-la do veículo à força. Em seguida, a mulher teria furtado o seu celular da vítima e a chave do veículo. 

Segundo o registro policial da época, instantes depois o médico também chegou à clínica, momento em que a jovem teria entrado em seu carro e afirmado que se o médico não fosse dela, "não seria da esposa e de mais ninguém". O crime aconteceu quando a família já tinha uma medida protetiva contra a suspeita, que deveria manter 200 metros de distância do casal.

Segundo a Polícia Civil, a mulher foi presa com um mandado de prisão preventiva, expedido pela Justiça mineira. "A PCMG realizou os trabalhos de polícia judiciária cabíveis e encaminhou a envolvida ao sistema prisional. Ela segue à disposição da Justiça", completa a nota. Desde então, a suspeita está na ala feminina da Penitenciária Professor João Pimenta da Veiga.

Como identificar uma perseguição e agir

  • Se perceber que teve a liberdade coagida ou foi constrangido de alguma forma, ainda que psicologicamente, “ligue o alerta” e entenda que aquela conduta está errada;
  • A pessoa que comete a agressão pode mandar flores ou presentes, o que soa como delicadeza, mas, na verdade, é ameaça e invasão de intimidade;
  • Fique atento ao que acontece ao seu redor e avise aos amigos e parentes se alguma situação anormal acontecer;
  • Desconfie de qualquer situação que não seja agradável, física ou psicologicamente. Reporte o fato a alguém superior do trabalho, ao porteiro do prédio ou outro responsável pelo local onde você estiver;
  • Evite andar sozinha(o) se estiver em situação de medo;
  • Denuncie às autoridades competentes.

Como denunciar

  • Para a Polícia Militar: registrar boletim de ocorrência e, dependendo da situação, ligar para o 190 e acionar a viatura, em caso de risco imediato.
  • Nas delegacias de Polícia Civil de Minas Gerais

(Com informações de Folha Press)