A cerca de 40 minutos do horário marcado para o início dos protestos contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), manifestantes começam a ocupar o espaço da Torre de TV, na região Central do Plano Piloto.

O espaço, reservado a críticos do governo, fica a 3 km da área reservada aos manifestantes favoráveis a Bolsonaro, que se concentram na Esplanada, de onde saem em direção à praça dos Três Poderes.

A reportagem de O TEMPO, que está no local, percebeu maior adensamento de manifestantes no local a partir de 9h. O clima segue ordeiro, mas é possível notar mais atenção de agentes da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) ao movimento de pessoas a favor do governo que am pela região em direção à Esplanada dos Ministérios, mas sem invadir o espaço onde se concentra o outro grupo. 

Faixas

Os protestantes contrários à atual gestão estendem faixas sobre diversas pautas no espaço da Torre de TV.

Há manifestações, por exemplo, contra o "marco temporal", conceito segundo o qual uma terra indígena só pode ser demarcada se for comprovado que as comunidades originárias já estavam estabelecidas sobre o território requerido na data da promulgação da Constituição Federal de 1988.

O assunto é uma das principais pautas do Supremo Tribunal Federal (STF), que aprecia a validade desse entendimento. O julgamento mobilizou povos indígenas a organizar um acampamento com objetivo de pressionar os ministro da corte.

Há também faixas que demonstram a insatisfação dos presentes em relação à privatização da Eletrobrás. Em julho, Bolsonaro sancionou uma Medida Provisória que abria caminho para venda de ações da estatal de energia. Desde então, a desestatização da companhia vem avançando no Congresso.

Mais um tema caro aos críticos do presidente é a condução do governo em relação à crise sanitária da Covid-19. Há cartazes que lembram as mais de 580 mortes causadas pela pandemia no país.

Além das manifestações em cartazes, militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) entoaram palavras de ordem, em que diziam: "Feijão sim, fuzil não". A frase faz referência a uma declaração de Bolsonaro, em 27 de agosto, quando disse: "O CAC (colecionadores, atiradores e caçadores) está podendo comprar fuzil. O CAC que é fazendeiro compra fuzil 762. Tem que todo mundo comprar fuzil, pô. Povo armado jamais será escravizado. Eu sei que custa caro. Tem um idiota: 'Ah, tem que comprar é feijão'. Cara, se não quer comprar fuzil, não enche o saco de quem quer comprar".

Por fim, proliferam bandeiras que pedem pela saída e pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro.