Aqui é o lugar dele, em casa, onde sempre foi seu lugar
Lucas Silva deveria receber muito mais crédito ao longo desta trajetória por todos os esforços e o comprometimento máximo que sempre teve com o Cruzeiro.
No ano ado, fiz uma coluna sobre a necessidade da renovação de contrato de Lucas Silva. Em meio às inúmeras contratações que foram feitas na tentativa de encorpar o elenco, o cria da Toca e multicampeão com a camisa celeste era uma opção clara de balanço no meio-campo — inclusive defendia sua utilização como titular na final da Sul-Americana. Naquela ocasião, ficou nítida a diferença entre o time com ele e com Walace. Diniz teve que corrigir a rota, mas não houve tempo de mudar o roteiro do duelo em Assunção.
Não vou ser um completo profeta do acontecido, pois, sim, também critiquei Lucas Silva bastante, especialmente por alguns jogos onde ele parecia claramente fora de sintonia e lento. Mas o futebol é bom por isso, a possibilidade que todos possuem de reabilitação. E Lucas Silva segue, ano após ano, dando voltas por cima sucessivas.
Não à toa, esteve em alguns dos maiores times da história do Cruzeiro. Não à toa, ele chegou ao Real Madrid, sendo inclusive acionado por Carlo Ancelotti em um time com astros como Casemiro, Kroos, Modric e Khedira no meio-campo. Onde muitos podem apontar como um fracasso sua agem na Europa, eu vejo como uma experiência que o fez crescer como profissional e pessoa.
O futebol não é uma ciência exata, mas é claro que ninguém desaprende a jogar bola. O que falta é um encaixe, uma adequação ao esquema tático e a confiança — pessoal e da comissão técnica no potencial do atleta. Lucas viveu maus momentos no time mineiro, como qualquer atleta atravessa, mas não tenho dúvidas de que aqui é o lugar dele, sua casa. A identificação é absurda, imediata. E ele deveria receber muito mais crédito ao longo desta trajetória por todos os esforços e o comprometimento máximo que sempre teve com o Cruzeiro.
Não tenho dúvidas de que o momento atual da equipe de Leonardo Jardim a pelo equilíbrio que Lucas Silva vem dando a este meio-campo. E o prêmio por esta entrega foi visto com um belo gol no último jogo contra o Fortaleza, uma partida onde a Raposa fez um primeiro tempo de manual.
As lágrimas de Lucas Silva após a vitória no Castelão representam muito. Estão ali brilho nos olhos, de quem poderia, por muitas vezes, ir aos microfones trazer uma palavra desagregadora, mas ele sabe do seu papel de liderança, ele sabe o peso da camisa que veste, ele sabe o tamanho da nação que representa. Uma liderança por exemplo.